Papa: "Quando Igreja se fecha, envelhece, adoece e morre"


Cidade do Vaticano (RV) - No final da manhã de sexta-feira (19/06) o Papa recebeu um grupo de membros da Federação Bíblica Católica. Aos 140 estudiosos, reunidos em Assembleia Plenária em Roma, o Papa acabou improvisando seu discurso, inspirado nas palavras do Presidente da Federação, o Arcebispo de Manilha, Filipinas, Cardeal Luís Tagle:

“Quando uma Igreja se fecha em si mesma e se esquece que foi mandada, que foi enviada para anunciar o Evangelho, isto é, a Boa Nova, para mover os coração com o Querigma, envelhece, (...), se enfraquece, como bem disse o Cardeal”, observou Francisco, que acrescentou: “adoece e morre”.

Seguindo a mesma linha de pensamento, o Papa recordou que tinha ouvido falar muitas vezes, que as dioceses no norte na África, no tempo de Santo Agostinho, eram mortas. “Não!”, exclamou ele, explicando:

“Existem dois modos, duas maneiras de morrer: ou morrer fechado em si mesmo ou morrer oferecendo a vida como testemunho. E uma Igreja que tem a coragem, a paresia, para levar em frente a Palavra de Deus e não se envergonha, está no caminho do martírio”.

Neste contexto, Francisco apresentou então Paulo como modelo da “Igreja em saída”, que não teria sofrido o que sofreu se tivesse permanecido em alguma das igrejas que visitou, mas “quando ele via que as coisas estavam bem, impunha as mãos sobre alguém (para encarregá-lo) e ia embora. É um modelo!”.

Referindo-se à primeira leitura proposta pela liturgia do dia, o Papa destacou as palavras do apóstolo dos gentios: “Se é preciso gloriar-se, é de minhas fraquezas que me gloriarei”. Em outra passagem – disse Francisco – vocês bíblicos a conhecem bem – Paulo diz: “me glorio dos meus pecados”. “A terceira vanglória de Pedro – observou - não  é vaidade: “a minha glória é a cruz de Cristo, disse o apóstolo. Esta é a minha força”:

“E esta é uma Igreja em saída, um Igreja martirial. É uma Igreja que vai pela estrada, que vai em caminho. E acontece aquilo que pode acontecer a cada pessoa que está na estrada: um acidente… Mas eu prefiro uma Igreja ferida em um acidente, que uma Igreja doente, no fechamento de si mesma. Com a parrésia e a hypomone; a paciência que é carregar nas costas as circunstâncias, mas também a ternura de carregar nas costas os fieis feridos, que foram entregues a ela. Uma Igreja pastoral. Somente a Palavra de Deus e junto com a Palavra, a Eucaristia. Os irmãos que se reúnem para louvar o Senhor justamente com a fraqueza do pão e do vinho, do Corpo do Senhor, do Sangue do Sangue”.

“A Palavra de Deus não é algo que nos torna a vida fácil, disse o Papa. Não! Não! Ela nos coloca em dificuldades, sempre! A quem a leva com sinceridade, o coloca em dificuldade, o coloca em embaraço, tantas vezes”. Mas é importante dizer sempre a verdade, “com ternura, com aquele levar sobre as costas as situações, as pessoas”, reiterou Francisco, o que pode ser entendido como “um respeito pelo irmão que sabe fazer um carinho”.

O Papa voltou então, a um tema que lhe preocupa muito, “o anúncio funcional da Palavra de Deus nas homilias”. “Por favor – pediu ele -  façam de tudo para ajudar os vossos irmãos – diáconos, sacerdotes e bispos – a dar a Palavra de Deus nas homilias, que cheguem ao coração. Um pensamento, uma imagem, um sentimento chega, mas que a Palavra de Deus chegue”:

“Muitos são capazes, mas erram e acabam fazendo uma bela conferência, uma bela dissertação, uma bela escola de teologia….A Palavra de Deus é um sacramental! Para Lutero é um Sacramento, quase… Ex opere operato. Depois, a corrente é um pouco tridentina, a corrente é ex opere operantes; e após os teólogos acharam que a Palavra de Deus está no meio: parte ex opere operato, parte no ex opera operantes. É um sacramental”.

Os discursos não são sacramentais, são discursos que fazem bem. Mas, que na homilia tenha a Palavra de Deus, pois toca o coração”. (CM/JE)

 

 








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