Laudato si culmina percurso de reflexão sobre questões ecológicas


Cidade do Vaticano (RV) - A encíclica do Papa Francisco, ‘Laudato si’, publicada nesta quinta-feira (18/06), sobre questões ecológicas é o documento pontifício mais importante dedicado a essas temáticas até hoje, culminando um percurso de reflexão com mais de 50 anos.

Beato Paulo VI

No início dos anos 70 do século XX o Beato Paulo VI (1897-1978) alertava para um "problema social de vastas dimensões”, na carta apostólica escrita para o 80º aniversário da publicação da ‘Rerum novarum’.

Em 1970, dirigindo-se à Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), Paulo VI falou sobre a possibilidade duma “catástrofe ecológica sob o efeito da explosão da civilização industrial”.

A revista dos jesuítas ‘La Civiltà Cattolica’ aborda no seu último editorial o crescimento deste magistério, recordando que entre 1970 e o início dos anos 90 do século passado aumentou a consciência das ameaças ao meio ambiente.

São João Paulo II

“São João Paulo II foi o primeiro Papa a falar das consequências do crescimento industrial, das enormes concentrações urbanas e do notável aumento do consumo energético”.

O Papa Wojtyła abordou a questão na Encíclica ‘Sollicitudo Rei Socialis’ de 1987, afirmando que "é preciso levar em conta a natureza de cada ser e as ligações mútuas entre todos, num sistema ordenado, que é justamente o cosmos".

A mensagem para o 23º Dia Mundial da Paz de 1º de janeiro de 1990, foi centrada no tema ‘Paz com Deus criador, paz com toda a Criação’.

"O gradual esgotamento da camada de ozônio e o consequente 'efeito estufa' que este provoca já atingiram dimensões críticas”, alertava São João Paulo II, antecipando o debate internacional sobre aquecimento global e alterações climáticas.

Em sua Carta Encíclica ‘Centesimus annus’ de 1991, Wojtyła ligou a "questão ecológica", ao problema do consumismo e ao que definiu como "erro antropológico".

“[O homem] pensa que pode dispor arbitrariamente da terra, submetendo-a sem reservas à sua vontade, como se ela não possuísse uma forma própria e um destino anterior que Deus lhe deu”, observou.

A Encíclica ‘Evangelium vitae’ de 1995 recorda que, "em relação à natureza visível", a humanidade está submetida "a leis, não só biológicas mas também morais", pelo que a crise ecológica é entendida como reflexo de uma crise moral.

Bento XVI

O Papa Bento XVI deixou várias intervenções em favor de uma "economia verde" e do respeito pelo meio ambiente, promovendo um desenvolvimento sustentável.

Na mensagem para o Dia Mundial da Paz de 1º de janeiro de 2007 falava especificamente sobre o problema do "abastecimento energético", alertando para "uma corrida sem precedentes aos recursos disponíveis".

A água foi outra preocupação papal, sendo considerada "um direito inalienável" que não pode ser privatizado.
Foi sobretudo na Encíclica ‘Caritas in veritate’ de 2009 que Bento XVI condensa a reflexão sobre “proteção do ambiente, dos recursos e do clima”, a “monopolização dos recursos naturais” e a “exploração dos recursos não renováveis".

Bento XVI afirma que a degradação da natureza está estreitamente ligada à cultura que molda a convivência humana: quando a "ecologia humana" é respeitada dentro da sociedade, beneficia também a ecologia ambiental, dado que "respeitar o ambiente não significa considerar a natureza material ou animal mais importante do que o homem”.

O Papa alemão dedicou a sua mensagem para o Dia Mundial da Paz de 1º de janeiro de 2010 à defesa do ambiente, falando numa "crise ecológica" e apelando à comunidade internacional para que tome medidas que travem as alterações climáticas.

Compêndio da Doutrina Social da Igreja

O Compêndio da Doutrina Social da Igreja apresenta uma série de números dedicados a este tema e no ponto 481 lê-se que “os atuais problemas ecológicos, de caráter planetário, apenas podem ser enfrentados eficazmente através de uma cooperação internacional”.

O compromisso “verde” da Santa Sé é particularmente visível no complexo fotovoltaico instalado em 2008 no telhado da Sala Paulo VI, no Vaticano: cerca de 2 mil metros quadrados da cobertura foram substituídos por painéis solares. (MJ/Agência Ecclesia)








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