Papa: Abrir o coração à unidade para superar o escândalo da divisão


Cidade do Vaticano (RV) - No encontro da última sexta-feira (12/06) com os mais de mil sacerdotes reunidos para o Retiro Mundial na Basílica São João de Latrão, o Papa Francisco, entre outros temas, voltou a falar do ecumenismo, reiterando que a divisão entre os cristãos é um escândalo e o trabalho ecumênico a ser feito é um mandamento de Jesus. O Pontífice falou da necessidade de curar as feridas do passado para que o Espírito possa estabelecer a unidade.

"Um mandamento de amor, expresso no momento em que vai ser entregue: 'Pai, que sejamos todos unidos. Como Tu e Eu somos um, para que o mundo creia que tu me enviaste'. O ecumenismo não é somente uma tarefa, mas é buscar a unidade do Corpo de Cristo, rompida pelos nossos pecados de divisão".

Francisco recordou que todos ficamos escandalizados quando o Estado Islâmico queimou vivo dentro de uma gaiola o piloto jordaniano. "Mas nós - disse o Papa - na nossa história, fizemos o mesmo. Nós ferimos a Santa Mãe Igreja", e por isto, é necessário o perdão para curar as feridas:

"Na nossa consciência deve existir este 'pedir perdão' pela história da nossa família, por todas as vezes que matamos em nome de Deus. Na Guerra dos Trinta anos, católicos e calvinistas se matavam uns aos outros, em nome de Jesus. Estes são escândalos 'em família'. A nossa missão, agora que temos uma consciência ecumênica, é que Jesus, por meio de seu Espírito, nos dê a graça de descobrir este caminho. Nos convide a buscar a unidade do Corpo de Cristo. Buscá-la, antes de tudo, no nosso coração de pastor. As feridas do passado devem ser colocadas no Coração de Jesus para que Ele possa curá-las. Façam isto hoje"!

O Papa observou inicialmente que um cristão normal não sabe as diferenças que existem entre um luterano, um ortodoxo, um calvinista, um católico, um evangélico, um batista,  mas "aqueles que odeiam Cristo o sabem", para então voltar ao tema do 'ecumenismo de sangue'. Francisco afirmou que o sangue dos mártires "é misturado", independente da fé, e para quem os mata, a fé em Jesus é o que os identifica:

"Vejam o sangue de homens e mulheres que morrem por Jesus Cristo e quem os mata sabe que são a mesma coisa, têm uma única coisa em comum: acreditam em Jesus! Sabem perfeitamente bem que são uma única coisa. Não importa a eles qual seja a diferença.... Este é o ecumenismo de sangue que estamos vivendo. O sangue dos nossos mártires é misturado. Existe uma confissão por parte do demônio: 'São cristãos.....é necessário exterminá-los!'".

Ao ilustrar esta unidade existente no martírio, Francisco contou que Paulo VI, há 50 anos, quando devia canonizar os catequistas de Hogan - metade católicos e metade anglicanos, todos martirizados pelo mesmo motivo -,  mencionou um pároco de Hamburgo, Alemanha, que levava em frente a causa de canonização de um sacerdote que havia sido decapitado com uma guilhotina na época do nazismo, pelo simples fato de ensinar o catecismo. Enquanto estudava os documentos, percebeu, que logo em seguida, havia sido decapitado um cristão luterano, pela mesma e idêntica razão, ensinar o catecismo às crianças. Então o sacerdote afirmou ao bispo: "Ou eu sigo a causa dos dois ou paro por aqui mesmo!".

"Se deu conta de que o sangue une, exclamou Francisco. É um ecumenismo que já existe. Nós já somos uma única coisa no sangue dos nossos mártires. Não esqueçamos disto(...). Coração aberto à unidade, para que este escândalo que nós cristãos estamos dando, acabe". (JE)








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