Papa: Matrimônio não é forma de compensação afetiva


Cidade do Vaticano (RV) - O Papa Francisco recebeu, no Vaticano, nesta quinta-feira (11/06), os bispos da Letônia e Estônia, em visita ad Limina. “O Senhor os escolheu para trabalhar numa sociedade que, depois de ter sido por longo tempo oprimida por regimes fundados nas ideologias contrárias à dignidade e liberdade humana, hoje é chamada a enfrentar outras insídias perigosas, como o secularismo e o relativismo”, frisou o Papa em seu discurso.

“Nessa evangelização renovada vocês não estão sozinhos. Podem contar com os seus sacerdotes. Junto com eles vocês sentem a urgência de uma pastoral vocacional ativa que, apoiando nas orações a Deus, conscientize as famílias, as paróquias e toda a comunidade cristã a fim de que os jovens se coloquem à disposição do chamado de Deus”, disse ainda Francisco.

Formação sacerdotal

O Papa encorajou os bispos a cuidarem bem da formação sacerdotal, tanto na preparação teológica e eclesial quanto na maturidade humana, arraigada numa espiritualidade sólida e caracterizada por uma abertura capaz de discernir a realidade do mundo em que vivemos.

“Para o crescimento e o caminho de suas comunidades é preciosa a presença de homens e mulheres de vida consagrada. Especialmente neste Ano a eles dedicado é oportuno fazê-los entender que não são apreciados somente pelos serviços que prestam, mas pela riqueza intrínseca de seus carismas e seu testemunho, pois difundem em meio ao povo o perfume de Cristo, seguido na vida dos conselhos evangélicos. Os consagrados precisam ser apoiados espiritualmente e materialmente por meio de celebrações comuns e momentos de encontro e espiritualidade intensa para favorecer a familiaridade e o conhecimento recíproco, reforçar o sentido de pertença à Igreja particular e a disponibilidade em colaborar para a sua edificação.”

Papel dos leigos

Segundo Francisco, “o envolvimento dos fiéis leigos é indispensável na missão evangelizadora”. “Vocês podem contar com o compromisso de muitos católicos em várias atividades eclesiais. Os leigos levam adiante aquelas responsabilidades que, segundo o ensinamento do Concílio Vaticano II, eles são chamados a assumir no campo cultural, social, político, mas também caritativo e catequético”, sublinhou ainda o pontífice.

O Santo Padre disse que aos bispos é “confiada a tarefa de vigiar e incentivar para que no âmbito diocesano e paroquial, como também nas associações e nos movimentos eclesiais, os leigos possam formar suas consciências e aprofundar o seu sentido de Igreja, em particular no conhecimento de sua Doutrina Social. Os fiéis leigos são o trâmite vivo entre o que nós pastores pregamos e os vários ambientes sociais. Que eles sintam sempre perto o coração da Igreja”. 

Francisco disse ainda que os bispos e os leigos devem manter contato cotidiano com outras tradições cristãs presentes em seu território a fim de incentivar o diálogo ecumênico, tão necessário hoje, em vista da paz social às vezes abalada por diferenças étnicas e linguísticas.

Promoção da família

O pontífice pediu aos bispos para que eles “partilhem o desejo de promover a família como dom de Deus para a realização do homem e da mulher criados à sua imagem e como célula fundamental da sociedade, lugar onde se aprende a conviver na diferença e onde os pais transmitem a fé aos filhos”. 

“Constatamos que hoje o matrimônio é muitas vezes considerado uma forma de gratificação afetiva que pode se constituir de qualquer forma e se modificar segundo a sensibilidade de cada um. Infelizmente, essa concepção redutiva influi também na mentalidade dos cristãos, provocando a facilidade em recorrer ao divórcio e separação. Nós pastores somos chamados a nos interrogar sobre a preparação ao matrimônio dos noivos e também como ajudar os que vivem essas situações para que os filhos não se tornem as primeiras vítimas e os cônjuges não se sintam excluídos da misericórdia de Deus e da solicitude da Igreja, mas sejam ajudados no caminho de fé e educação cristã dos filhos”, destacou Francisco.

Crise econômica

O Papa sublinhou ainda que a crise econômica e social que afetou também esses dois países favoreceu a migração e muitas vezes em suas comunidades eclesiais se encontram famílias que precisam de uma atenção pastoral especial. “A ausência do pai ou da mãe em muitas famílias provoca uma fatiga maior do outro cônjuge no crescimento dos filhos. Para essas famílias é realmente preciosa a sua atenção, a caridade pastoral de seus sacerdotes e a proximidade da comunidade”, disse o Papa.

Francisco disse aos bispos da Letônia e Estônia que eles podem contar, em seu ministério, com o seu afeto e apoio, e com a proteção de Maria e São Meinardo. (MJ)








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