Fórum reúne líderes religiosos mundiais em Astana


Astana (RV) – Astana, capital da República do Kazaquistão, acolherá nos dias 10 e 11 de junho o V Fórum Mundial dos Líderes Religiosos. Uma verdadeira “reunião de cúpula” entre mais de 500 expoentes das diversas religiões e líderes políticos, entre os quais, o enviado especial do Papa Francisco, o Presidente do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso, Cardeal Jean Louis Tauran, o Secretário Geral da ONU, Ban Ki Moon, o Secretário Geral da Organização para a Cooperação Islâmica, Iyad Madani, o Rei da Jordânia, Abdullah II, entre outros.

Temas do encontro

Este encontro reunindo expoentes religiosos e políticos é um dos diferenciais do Fórum de Astana, que neste ano, tratará de temas como a “Responsabilidade dos líderes religiosos e políticos pela Humanidade”, “Religião e política”, “A influência das Religiões sobre os jovens, a cultura, a mídia, a ciência”, entre outros.

Esta V edição – que se realiza num momento crítico com o avanço do Estado Islâmico, a crise na Líbia, na África subsaariana e no Iêmen, assim como a guerra na Ucrânia - deverá concluir-se com uma comum “Declaração de Astana” – convidando todos a redescobrirem o valor unificante e pacificador da fé e a não fazer das religiões instrumentos de guerra e de destruição.

Religiões instrumentalizadas

O Fórum nasceu em 2003 por iniciativa do Presidente do Kazaquistão, Nursultan Nazarbayev, no contexto da tragédia das Torres Gêmeas em Nova York, o Afeganistão e a II Guerra do Golfo. Anos em que ainda se celebrava, talvez com certa pressa, o final das ideologias, que a bem da verdade, estavam sendo substituídas por outras, sempre mais nutridas por uma matiz religiosa. Religiões, no entanto, simplificadas, reduzidas a poucos princípios fundamentais e radicais, transformadas em armas ideológicas com fins políticos e econômicos que varrem partes do globo como uma maré de fanatismo, instrumentalizando o profundo mal-estar vivido por povos e nações, excluídos do “maravilhoso mundo novo”, teorizado pelos apologetas da Globalização.

A Al Qaeda de bin Laden deu lugar ao Califado de al-Baghdadi e a todas as suas constelações na Líbia, Nigéria, Paquistão e tantos outros lugares. “Jihad” transformou-se na palavra de ordem para parte do mundo islâmico, contra os “apóstatas” xiitas guiados pelo Irã, contra os “maus muçulmanos”, contra os “infiéis” do Ocidente.

Coesão social

É particularmente relevante que o Fórum dos Líderes Religiosos Mundiais seja realizado justamente no Kazaquistão, um jovem ex-República Soviética, que constitui o encaixe dos equilíbrios de uma região crítica como a Ásia Central. Outrossim, é um país de maioria muçulmana, que desde sua independência, tem a Constituição fundada no princípio da coexistência entre todas as religiões e na tolerância recíproca. De fato, mesmo formado por um mosaico de 37 religiões e 120 grupos étnico-linguísticos, o país não se desintegrou com a queda do Império Soviético e ainda trabalha na construção de uma nova identidade nacional comum, fundada na unidade na diversidade. Em duas décadas, esta nação viu um notável desenvolvimento social e civil, antes que econômico, próprio em função desta coesão.(JE)








All the contents on this site are copyrighted ©.