Igreja em Cuba: comunhão dinâmica, aberta e missionária


Havana (RV) - “Diminuição demográfica e envelhecimento da população, pobreza material produzida por baixos salários, não obstante o incentivo do Estado a empresas familiares e cooperativas, necessidade de reformas sociais e educacionais mais amplas e profundas, maiores esforços para garantir o pluralismo político e a participação dos cidadãos na vida das instituições: são alguns dos temas contidos no Plano Pastoral 2014-2020 da Igreja Católica em Cuba, divulgado nesta terça-feira (02/06) e intitulado “Pelo caminho de Emaús”.

“A inquietação como ardor pastoral é o impulso principal que queremos para a Igreja Católica peregrina em Cuba, que caminha junto com seu povo. Todos nós que recebemos este plano pastoral como discípulos missionários de Jesus, somos convidados a fazer um caminho que seja de esperança alegre de vida, que desperte a fé em Cristo Senhor”, destaca o texto publicado pelo jornal da Santa Sé, L'Osservatore Romano.

Sobre a situação geral no país, os bispos sublinham a diminuição demográfica causada pelo baixo índice de natalidade e por uma crescente migração para o exterior; “a falta de correspondência entre o projeto social da nação e o projeto pessoal cria frustração e este é um dos fatores que reforçam o desejo de imigrar, sobretudo nos jovens”.

O envelhecimento da população cria novos desafios para a família e o Estado. “Em primeiro lugar, é preciso acolher e acompanhar os idosos com afeto e cuidado para garantir-lhes uma vida digna; em segundo, oferecer às pessoas da terceira idade instituições dignas e programas úteis que ajudem a viver com bem-estar, paz e alegria os últimos anos de suas vidas”.

Do ponto  de vista econômico, o Estado incentivou a criação de empresas pessoais e familiares, e cooperativas agrícolas e não, que abriram novas perspectivas, não obstante as reformas ainda não tenham reativado a economia de maneira perceptível. “A Conferencia Episcopal Cubana pede que sejam eliminados os procedimentos burocráticos que limitam a iniciativa e a criatividade em matéria de produção, distribuição e consumo de bens e serviço, e que as reformas anunciadas pelo Governo em relação à eliminação dos subsídios e restruturação do mercado de trabalho não criem situações de abandono e marginalização para ninguém.”

No âmbito social, os bispos apreciam o retorno das escolas secundárias e dos institutos pré-universitários nas cidades, a  flexibilidade dos procedimentos em matéria de migração, a autorização de vender e comprar propriedades e veículos, a possibilidade de criar uma nova empresa privada. “Todavia”, escrevem, “são necessárias reformas mais profundas que resolvam os problemas urgentes como moradia, aposentadoria, transportes e alimentação. Em síntese, mais autonomia social, projetos de desenvolvimento, busca pelo bem comum, mais justiça, igualdade e solidariedade.
 
Os prelados cubanos recordam no documento as mudanças significativas registadas nos últimos anos em política externa: maior cooperação e diálogo com as organizações internacionais da área, e maiores condições de colaboração entre profissionais e empresas. Em relação às relações com os Estados Unidos, o convite a promover uma política inclusiva, através do respeito pelas diferenças e um maior intercâmbio comercial orientado ao serviço para todos, aliviando tensões e sofrimentos para numerosas famílias. (MJ)








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