Que o vosso encontro seja “uma ocasião para abrir o coração a Deus” e servi-lo nas comunidades onde trabalhais, para que “a vida social seja um espaço de fraternidade, de justiça, de paz, de dignidade para todos”. É o que escreve o Papa Francisco na mensagem assinada pelo Cardeal Pietro Parolin, dirigida aos 150 delegados de 30 nações, membros da Pax Christi Internacional, reunidos em Belém desde quarta-feira 13 de maio até o próximo domingo, para celebrar os 70 anos de fundação do Movimento. Entre eles, está o coordenador da Pax Christi Itália, Padre Renato Sacco, que na entrevista à nossa Emissora, falou da missão e do estilo que nestes anos caracterizaram a acção do Movimento em todo o mundo:
“Penso em todo o trabalho pelos direitos humanos, sobretudo na América Central e na América do Sul. Hoje temos aqui connosco também alguns membros que vêm de El Salvador. Se pensarmos na ditadura argentina, e também em breve teremos a beatificação de Dom Romero, Marianela Garcia.... então, todo um trabalho de anos sobre os direitos humanos. Juntamente com isto, um trabalho de compromisso contra a guerra e não esqueçamos, não muitos anos atrás, o Prémio Nobel para a campanha contra as minas antipessoais, que foi recebido em Oslo pela representante da ‘Pax Christi Itália’. Com isto, todo um trabalho – por exemplo – sobre objecção de consciência. Neste caso, penso sobretudo na Itália, quando ainda não existia a lei e os objectores iam para a prisão. Portanto, um trabalho que podemos sintetizar assim: os direitos humanos, os direitos dos povos e das pessoas, um “não” à guerra e junto uma oração para continuar um caminho, certamente em subida, da paz. Há setenta anos e também hoje”.
Olhando, por outro lado, para o hoje e o amanhã, em que caminho de paz vos encontrais, e tratais deste encontro em Belém?
“Justamente concluímos hoje uma pequena e breve mesa redonda com vozes que chegam de várias partes do mundo – de Uganda ao Médio Oriente, à Itália, aos Estados Unidos, à Nova Zelândia – e, se podemos resumir, por um lado hoje o grande desafio é ainda o dos direitos humanos, mas ainda maior – nos recordava o amigo dos Estados Unidos -, é uma educação para a paz e para a não-violência, contra os armamentos numa sociedade sempre mais militarizada actualmente – e sobre isto nos recorda também o Papa Francisco, continuamente. E portanto, hoje, 70 anos depois da II Guerra Mundial, o tema das armas, das bombas, dos drones, dos sistemas para matar é ainda um grande desafio, juntamente – nos recordavam sobretudo aqueles vindos do sul do mundo – com o grande problema ambiental. Um desafio novo, se queremos também na esteira daquilo que nos recordará o Papa Francisco com a Encíclica. Estes dois desafios seguramente são importantes numa luz que é específica da Pax Christi, que é a não-violência”.
Concretamente, a Pax Christi diante de um planeta que conta centenas de conflitos, grandes e pequenos, como se movimenta? Qual é a sua mensagem?
“Fazer da não-violência não uma passividade, ou dizer: os não-violentos são aqueles na janela, que olham ou que movimentam as margaridas diante deste mundo assim sofredor. Não. A não-violência é assumir compromisso, coragem, martírio também – recordamos hoje quantas zonas onde as pessoas são mortas. Portanto, é expor-se em primeira pessoa, nunca aceitando a lógica da guerra, da violência ou da destruição do ambiente. Não sabemos como avaliar, mas é certo que nos tocou muito e também nos tem feito sofrer, o facto de que justamente o actual Secretário internacional da Pax Christi, Enriquez – originário de Salvador, mas vive em Bruxelas, onde está a Secretaria da Pax Christi – ter sido impedido nestes dias de vir a Belém por ser ‘persona non grata’. Isto nos diz que talvez, quando se trabalha com firmeza, com não-violência, talvez se vá perturbar quem está no poder e nos faz pensar quantos outros sofrimentos as pessoas do lugar vivem e quantas vezes são privadas nos seus direitos”. (BS/JE)
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