A atuação do episcopado brasileiro nas sessões conciliares


Cidade do Vaticano (RV) - No nosso Espaço Memória Histórica - 50 anos do Concílio Vaticano II - vamos continuar a tratar na edição de hoje, da participação do Episcopado Brasileiro nas quatro sessões do Concílio.

O Concílio Vaticano II foi articulado em quatro sessões. A primeira, realizada de 11 de outubro a 8 de dezembro de 1962, teve uma sessão pública e 36 Congregações Gerais. O Episcopado Brasileiro fez 51 intervenções individuais e coletivas, sendo 20 orais e 31 escritas. A segunda sessão, por sua vez, realizou-se de 29 de setembro a 4 de dezembro de 1963, com duas Sessões Públicas, em 29 de setembro e em 4 de dezembro, quando nesta última foi promulgada a Constituição Sacrosantum Concilium sobre a Liturgia e do Decreto Inter Mirifica, sobre os Meios de Comunicação. As Congregações Gerais, por sua vez, foram da 37ª à 79ª. Nesta segunda sessão, o Episcopado Brasileiro fez 91 intervenções, 73 escritas e apenas 18 proferidas na Aula Conciliar, sendo 10 delas coletivas. A diferença entre intervenções escritas e faladas pode ser explicada pelo maior controle do tempo na Aula Conciliar e à precedência dada às intervenções coletivas.

A terceira sessão conciliar, foi realizada de 14 de setembro a 21 de novembro de 1964, com 2 sessões públicas, em 14 de setembro e 21 de novembro, quando foi promulgada a Constituição Dogmática Lumen Gentium sobre a Igreja; do Decreto Unitatis Redintegratio, sobre o Ecumenismo e do Decreto Orientalium Ecclesiarum sobre as Igrejas Orientais Católicas. As Congregações Gerais foram da 80ª  à 127ª. Destaca-se, nesta terceira sessão, a importante intervenção sobre o ecumenismo, iniciativa atribuída ao CELAM e assinada por 11 bispos brasileiros e número ainda maior de padres de outros países da América Latina, que apontava e pedia que no esquema sobre o Ecumenismo fossem levadas em conta as diferenças entre as situações religiosas da Europa e da América latina e do tipo de protestantismo presentes num e noutro continente. A petição não foi acolhida, nem na redação do decreto sobre ecumenismo, nem posteriormente na elaboração do Diretório sobre Ecumenismo.

A quarta e última sessão conciliar foi realizada de 14 de setembro a 8 de dezembro de 1965 e teve 5 sessões públicas. Na sessão de 28 de outubro foi promulgado o Decreto Christus Dominus sobre o múnus pastoral dos bispos; o Decreto Perfectae Caritatis sobre a renovação da vida religiosa; do Decreto Optatam Totius sobre a instituição sacerdotal; da Decleração Nostra Aetate, sobre as relações com as religiões não cristãs.

Na sessão pública do dia 18 de novembro, foi promulgada a Constituição Dogmática Dei Verbum sobre a Divina Revelação e o Decreto Apostolicum Actuositatem sobre o apostolado dos leigos. Na sessão pública do dia 7 de dezembro, por sua vez, foram promulgados a Declaração Dignitatis Humanae, sobre a liberdade religiosa; o Decreto Ad Gentes, sobre a atividade missionária da Igreja; o Decreto Presbyterorum Ordinis sobre a vida e o ministério dos Presbíteros e a Constituição Pastoral Gaudium et Spes, sobre a Igreja no Mundo Contemporaneo.

Por fim, na sessão pública de 8 de dezembro, foi encerrado solenemente o Concílio.

Na IV Sessão Conciliar foram aprovados ou promulgados 9 dos 16 documentos conciliares. Foi a sessão caracterizada pelo menor número de intervenções, muitas congregações gerais dedicadas às votações e um maior número de sessões públicas, a metade das dez de todo o Concílio.

Merece destaque nesta quarta sessão a intervenção do episcopado brasileiro sobre as missões. Brasileiros e latino-americanos opuseram-se com firmeza à definição burocrática da questão que levava a considerar como áreas de missão apenas os territórios submetidos à Congregação da Propaganda Fidei, excuindo assim as prelazias e prefeituras apostólicas destas regiões que se encontravam sob a responsabilidade da Congregação Consisterial.

Além do tema das missões, também a temática da fome, do sub-desenvolvimento, das desigualdades internacionais, da justiça e da paz no mundo, colocaram lado a lado o episcopado brasileiro, latino-americano, asiático e africano. As intervenções encontravam apoio mútuo dos bispos destes continentes.

 

Fonte:  Padres Conciliares Brasileiros no Vaticano II.  1959 – 1965. Pe. José Oscar Beozzo








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