2015-05-08 17:41:00

Cardeal Júlio Duarte Langa toma posse domingo em Roma


Toma posse este domingo na Paróquia romana de San Gabriele dell'Adolorata,  que lhe foi intitulada enquanto Cardeal, D. Júlio Duarte Langa, bispo emérito de Xai-Xai, Sul de Moçambique.

A paróquia situa-se  no bairro Tuscolana, sul de Roma, e é  regida pelo P. António Lauri. A notícia da elevação da paróquia a título cardinalício com um cardeal moçambicano foi – disse-nos – acolhida com entusiasmo:

 “Com entusiasmo, porque foi uma notícia que nos alegrou, nos fez sentir próximos de um país muito longe e é também uma honra para a comunidade paroquial.”

E como se estão a preparar para a cerimónia do domingo, já tiveram ocasião de encontrar o Cardeal Júlio Langa?

“O Cardeal, encontrámo-lo alguns dias depois da cerimónia em que foi criado Cardeal. Ele veio almoçar connosco de forma informal, porque não tinha muito tempo. Conhecemo-lo, conversamos longamente durante o almoço e pusemo-nos de acordo para essa cerimónia. Quanto à preparação estamos a fazê-la antes de mais do ponto de vista litúrgico porque é uma cerimónia um pouco complexa. Veremos tudo com o encarregado de cerimónias que virá do Vaticano. De momento estamos a preparar-nos do ponto de vista litúrgico. Depois, durante o almoço com o cardeal, esperamos poder ver como criar alguma forma de geminação com Moçambique, como instaurar relações de amizade entre as nossas igrejas.”

Quais são as características da Paróquia São Gabriele dell’Adolorata?

“Tem cerca de 13 mil habitantes, fica na zona da tuscolana, que antes era uma periferia, hoje já não é, mas continua a ser muito popular, muito viva, muito movimentada, com muitas actividades e iniciativas, com muitos jovens…. Há também problemas típicos das paróquias das grandes cidades… alguns jovens com problema de dependência…, mas é uma paróquia bastante orgulhosa, porque ao longo de trinta anos não tiveram igreja, não tinham edifício, mas graças ao pároco anterior, conseguiram construir um edifício belo, muito funcional, por isso, os paroquianos são pessoas orgulhosas do caminho que fizeram até agora como comunidade. O edifício só foi consagrado em 2011, se não estou em erro, mas a comunidade paroquial já existia havia 40 anos. Celebravam na sala de um condomínio. Levaram muito muito tempo para ter uma igreja, mas isto contribuiu para criar uma comunidade viva que resiste, muito ligada à própria história, à própria tradição. Não é uma comunidade anónima. Eu sou pároco há dois anos e vi que é uma comunidade que tem uma bela identidade”.

Que mais valia comporta para a Paróquia, ter um Cardeal?

“Seguramente uma abertura de horizonte, sentir a Igreja católica universal e também a romanidade; é algo de típico das Igrejas de Roma ter um título cardinalício, imagino que a cosia mais bela seja a abertura à África.”

E isto é bem visto, bem aceite pelos paroquianos?

“Sim, sim, até porque muitos paroquianos vêm doutras regiões da Itália, estão, portanto, habituados… nos anos 50 deslocaram-se da Pulha, da Calábria, dos Abruzos e vieram para Roma… são, portanto, pessoas ainda de grande tradição italiana, estão habituados ao acolhimento, sabem o que significa mover-se… Há ainda muita gente genuína.”

E o Cardeal Langa é uma pessoa que podemos também definir genuína, no sentido de que é anciã, viveu a guerra em Moçambique, resistiu muito e estas são um pouco as suas características que poderá partilhar convosco, não é?

“Sim, parece-nos uma pessoa realmente autentica, bela, uma bela pessoa”.

Domingo estará também a comunidade moçambicana de Roma, na cerimónia?

“Domingo estarão, sem dúvida, outros bispos de Moçambique (que se encontram em Roma em visíta ad Limina), penso que estarão todos. Quisemos também que durante a celebração o Cardeal fizesse o crisma a três jovens adultos, precisamente para o fazer sentir no ministério episcopal. Com a comunidade de Moçambique ainda não temos relações. Estamos precisamente à espera do pós-celebração para começar a instaurar com o Cardeal e também com o bispo actual ordinário de Xai-Xai uma relação de geminação e depois, eventualmente, estabelecer relações com o Centro Missionário Diocesano, através de D. Matteo Zuppi. Concordamos falar disso logo depois de iniciar a tecer estas relações.”

O que comporta para a Paróquia ter um titulo cardinalício, qual o significado profundo disto?

“O significado profundo creio que seja o de viver profundamente o ser uma paróquia romana aberta à universalidade, porque vínculos jurídicos, na realidade não há – tudo depende de como o Cardeal titular quer interpretar o seu papel. Imagino que o Cardeal Langa não virá com frequência dada a sua idade; seremos nós a ir ter com ele. E de vez a vez se criarão relações entre a Paróquia e o Cardeal assim como com a sua comunidade de origem.”

Isto porá, portanto, à prova a vossa imaginação, dum lado e doutro?

“Acho que si, acho que sim.”

(DA)








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