Para ser um bom pastor é preciso aprender a ser uma boa ovelha


Cidade do Vaticano (RV) - Discípulo, pastor, profeta. Três palavras que, segundo o Papa Francisco, descrevem a fisionomia e a missão do sacerdote.  Esse trinômio norteou a reflexão do prefeito da Congregação para o Clero, Cardeal Beniamino Stella, encontrando esta segunda-feira, dia 27, o clero da província eclesiástica de Havana, na conclusão de sua visita a Cuba.

Para o purpurado – refere o jornal vaticano “L’Osservatore Romano” –, a “experiência discipular” constitui um empenho permanente na vida do sacerdote. “É importante em nossa vocação de discípulos – recomendou – jamais deixar de caminhar, apesar das quedas, e seguir adiante, dando sempre um passo de cada vez, um passo que seja proporcional às próprias capacidades”.

O que conta é voltar continuamente “ao primeiro amor”, repetindo todos os dias “o primeiro sim que dissemos ao Senhor quando nos chamou a segui-lo”. E por isso é fundamental cultivar a oração, a amizade sacerdotal, a fraternidade, a comunhão.

Em relação à dimensão pastoral, o purpurado observou que “dificilmente se pode ser um bom pastor se não se aprende a ser uma boa ovelha”. Isso significa permanecer “dóceis e obedientes ao Senhor através da Igreja, na pessoa do bispo”; mas significa também disponibilidade aos “pequenos chamados” que em todo momento interpelam o ministério sacerdotal.

Em todo caso, as palavras-chave da dimensão pastoral do presbítero são duas: “proximidade” a seu rebanho e “a misericórdia” em relação “às misérias de suas ovelhas”, com as quais ele é chamado a instaurar uma relação de “empatia” e “solicitude” para experimentar concretamente suas fragilidades e sofrimentos.

Por fim, o Cardeal Stella evidenciou a vocação profética do padre, que consiste no “anunciar e denunciar”. Ele deve “saber falar sobre Deus aos homens”, mas deve também “saber falar sobre os homens a Deus”, colocando nas mãos do Pai “todos os irmãos que foram beneficiados pelo serviço profético e pastoral ao longo do dia”, explicou.

Retorna aí a centralidade da oração: “Um sacerdote que por estar ocupado em mil coisas não tem tempo para o Senhor é um doente de “martalismo”, de excessiva laboriosidade, advertiu o purpurado citando o Papa Francisco.

E, acrescentou, “uma pastoral que não dá a devida consideração ao trato íntimo com o Senhor é uma pastoral vazia e estéril”. Dessa relação com Deus alimenta também “a coragem necessária nos momentos de perseguição e de desprezo, porque por vezes a voz do profeta é incômoda”.

O prefeito da Congregação para o Clero havia falado sobre o estilo pastoral também no dia anterior, durante a missa celebrada na Catedral de São Cristóvão de Havana, na presença, entre outros, do Cardeal-arcebispo Jaime Lucas Ortega y Alamino.

O purpurado indicou quatro notas fundamentais “para identificar um verdadeiro pastor”: é disponível a dar a vida pelo próprio rebanho; conhece as ovelhas e as ovelhas lhe conhecem; sente-se missionário em relação aos que se encontram mais distantes e busca a unidade na diversidade; sabe que tem necessidade da graça de Deus e precisa sentir-se sustendo pelo Senhor. (RL)








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