Igreja deplora xenofobia na África do Sul


Johanesburgo (RV) - Mais de 1,5 mil moçambicanos já regressaram ao seu país devido à crise de violência xenófoba na África do Sul contra estrangeiros africanos. Na sexta-feira, 17/04, outros 107 moçambicanos chegaram ao centro de trânsito de Boane, na província de Maputo, em dois ônibus fornecidos pelo Governo moçambicano enquanto centenas de pessoas continuam em fuga desta onda de violência iniciada há duas semanas no país vizinho.

“Quarta-feira, 22, estão sendo esperados mais 400 cidadãos que devem retornar ao país e estão sendo criadas condições para recebe-los e depois encaminhá-los para os seus locais de origem”, afirmou o porta-voz do Conselho de Ministros de Moçambique, Mouzinho Saíde, assegurando que todas as estruturas diplomáticas e consulares estão instruídas para apoiar a comunidade moçambicana na África do Sul.

Desde que os ataques contra estrangeiros eclodiram na África do Sul, há cerca de duas semanas, mais de 600 moçambicanos refugiram-se em centros de acomodação temporária, dos quais 107 regressaram a Moçambique, a maioria já encaminhados para suas zonas de origem.

Para fugir dos altos índices de pobreza em Moçambique, a população, principalmente a mais jovem das zonas rurais do sul do país, emigra ilegalmente para África do Sul à procura de melhores condições de vida no país vizinho, uma das economias mais avançadas de África.

Posição da Igreja

Os Bispos sul-africanos condenaram a recente onda de violência xenófoba que ensanguentou Durban, provocando a morte de pelo menos quatro pessoas. “A Conferência Episcopal (SACBC) observa com tristeza as violências xenófobas em Durban, que o Arcebispo local, Cardeal Wilfrid Napier, já condenou”, afirma uma nota assinada por Dom William Slattery, Arcebispo de Pretória e porta-voz da SACBC.

As violências eclodiram depois que a imprensa local divulgou algumas afirmações feitas pelo rei dos Zulu, Goodwill Zwelithini, segundo as quais os estrangeiros deveriam ir embora da África do Sul. A seguir, o líder tradicional dos Zulu (ao qual a Constituição reconhece um papel simbólico e cerimonial) afirmou que suas palavras foram mal interpretadas.

Na origem das violências, há uma guerra entre pobres: de 50 milhões de habitantes, a África do Sul conta cinco milhões de imigrantes provenientes de países em dificuldade, como Somália, Etiópia, Zimbábue e Malauí, e até mesmo de China e Paquistão.

Com um alto índice de desemprego, criaram-se fortes tensões entre sul-africanos e imigrantes, muitos dos quais praticam crimes. 

Compreensão

“Compreendemos a raiva da população em relação aos estrangeiros por razões legítimas”, escrevem os Bispos. “Estamos, porém, numa nação de paz, que venceu o apartheid com um uso muito limitado da violência e um acordo que foi alcançado pacificamente”.

A mensagem convida os estrangeiros a não cometerem crimes e adverte todos para o uso responsável da mídia social a fim de evitar a propagação de mensagens de ódio. Os Bispos concluem pedindo ao governo para identificar aqueles que incitam confrontos e a resolver "os problemas que geram o contexto dessas terríveis violências". 

(CM-agências)








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