Diálogo com os muçulmanos deve prosseguir mais do que nunca


Cidade do Vaticano (RV) – Diante da radicalização do discurso comunitário e religioso dos últimos dias, somos chamados a reforçar a fraternidade e o diálogo. Esta é a exortação contida na declaração do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso sobre o diálogo com os muçulmanos, divulgada esta quarta-feira (22/04). O documento condena toda a violência com justificativa religiosa e reitera que “os fiéis constituem um formidável potencial de paz”.

Religiões são fontes de paz

Acontecimentos recentes levam muitos a questionar se ainda existe espaço para o diálogo com os muçulmanos. O dicastério vaticano para o diálogo inter-religioso é taxativo ao responder positivamente à questão, ao mesmo tempo que deplora a atual associação feita da palavra “religião” com “violência”. “Os fieis – afirma o documento – devem demonstrar que as religiões são chamadas a ser fonte de paz e não de violência”.

Evitar estigmatização dos muçulmanos e do Islã

Um incremento do ódio, da violência, do terrorismo e da crescente e banal estigmatização dos muçulmanos e de sua religião, é um dos riscos que os últimos acontecimentos podem causar. Neste sentido, o Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso, exorta a se continuar o diálogo, “mesmo quando se tem a experiência da perseguição, pois este se torna um sinal de esperança”, pois “acreditamos que o homem foi criado por Deus  e que a humanidade é uma única família”, e como cristãos,  “acreditamos que Deus é amor”. O que queremos, "é propor o respeito pelas diferenças, a liberdade de pensamento, a salvaguarda da dignidade humana e o amor á verdade".

Matar em nome da religião ofende a Deus

Matar em nome da religião não é somente ofender a Deus, mas uma derrota da humanidade, afirma a mensagem, citando uma declaração de Bento XVI dirigida ao Corpo Diplomático em 9 de janeiro de 2006, onde o Pontífice alertava para o perigo do choque entre civilizações e em particular do terrorismo organizado: “Nenhuma circunstância é válida para justificar tal atividade criminosa que cobre de infâmia quem a realiza e que é tanto mais vergonhoso quando usa uma religião como escudo, rebaixando assim a pura verdade de Deus à medida da própria cegueira e perversão moral”.

Papel fundamental da família e da escola

A mensagem exorta a rever a qualidade da vida em família, as modalidades de ensinamento da religião e da história e o conteúdo das pregações nos locais de culto. “Sobretudo a família e a escola – salientam - são a chave para que o mundo de amanhã se baseie no respeito recíproco e na fraternidade”.

Uma declaração do Papa Francisco em Ankara, Turquia, conclui o documento: “Portanto, a violência que busca uma justificação religiosa merece a mais forte condenação, pois o Onipotente é Deus da vida e da paz. De todos aqueles que sustentam adorá-lo, o mundo espera que sejam homens e mulheres de paz, capazes de viver como irmãos e irmãs, não obstante as diferenças étnicas, religiosas, culturais ou ideológicas”. (JE)

 

 








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