Igreja missionária e solidária


Aparecida (RV) – Tiveram início na última quarta-feira, dia 15, os trabalhos da 53ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), no Centro de Eventos Padre Vítor Coelho de Almeida, em Aparecida (SP). Trabalhos que tiveram início com a Santa Missa no Santuário Nacional presidida pela atual Presidência da CNBB: Presidente, o Arcebispo de Aparecida, Cardeal Raymundo Damasceno Assis; Vice-presidente, Arcebispo de São Luiz (MA), Dom José Belisário da Silva; e o Secretário geral, Bispo auxiliar de Brasília, Dom Leonardo Urich Steiner. Um momento de comunhão, de encontro, de alegria e de celebração da Igreja no Brasil. 

Os mais de 400 bispos presentes em Aparecida até o dia 24 de abril concentram nestes dias suas atenções para temas de grande importância para a Igreja no país, mas também para a sociedade em geral. Trabalham na atualização das Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (DGAE), tomando como base os discursos feitos pelo Papa Francisco em 2013, durante a Jornada Mundial da Juventude, como também a sua Exortação Apostólica Evangelii Gaudium. Já na Assembleia do ano passado os bispos haviam tomado a decisão de não mudar a estrutura das Diretrizes, mas sim atualizá-las.
Mas o que são as Diretrizes Gerais? São orientações pastorais para os próximos quatro anos.

As atuais Diretrizes contêm cinco urgências para a ação evangelizadora: Igreja em estado permanente de missão; Igreja: casa da iniciação à vida cristã; Igreja: lugar de animação bíblica da vida e da pastoral; Igreja: comunidade de comunidades; e Igreja a serviço da vida plena para todos.
Essas cinco urgências receberam por parte do episcopado e dos fiéis nas igrejas locais uma grande adesão, por isso foi decidido que essas diretrizes continuarão por mais quatro anos, porém com algumas revisões, inspiradas, como dissemos no magistério do Papa Francisco.

Neste ano, além da atualização das Diretrizes os bispos têm a missão de eleger a nova Presidência da entidade, composta pelo presidente, vice e secretário geral; os presidentes das doze comissões episcopais pastorais; além de delegados da CNBB para o Conselho Episcopal Latino Americano (Celam) e para a XIV Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, marcada para outubro deste ano, no Vaticano. As eleições começam na próxima segunda-feira, após a aprovação das Diretrizes. Também esse será um aspecto muito interessante a ser seguido por todos os fiéis brasileiros. 

Em uma demonstração de democracia os bispos, através de urnas eletrônicas, vão escolher livremente aqueles que terão a responsabilidade de guiar, cuidar, servir o colégio episcopal brasileiro. Mas é uma eleição diferente daquela que estamos acostumados a participar e a ver na nossa realidade social. Sim, porque todos são candidatos, e todos votam em todos. Não existe uma chapa de candidatos, nem campanha eleitoral. Mas é o bom senso, misturado com o desejo de escolher uma pessoa adapta àquele cargo que indicam qual é o melhor candidato. E o que se respira aqui na Assembleia em Aparecida, é um ar de serenidade e confiança no Espírito Santo: dois bons motivos para crermos que será uma eleição tranquila para a nossa Igreja Católica.

Também nestes dias aqui em Aparecida os senhores bispos discutem, analisam, conversam sobre temas de grande atualidade como por exemplo a questão a Reforma Política.

O bispo auxiliar de Belo Horizonte (MG) e presidente da Comissão para o Acompanhamento da Reforma Política, Dom Joaquim Mol, em conversa com a Rádio Vaticano agradeceu a Rádio do Papa ressaltando o importante papel da imprensa na formação e esclarecimento da sociedade civil nesta questão.

Temos frequentemente assistido manifestações das quais não constam na pauta a reforma política, disse. É uma pena, pois só por meio dela podemos melhorar o quadro político do país, eliminando a corrupção, a barganha, e outras práticas ruins da política, responsáveis por deixar grande parte da população na miséria”.

É claro que a reforma política nãoresolve tudo, diante do grave quadro em que se encontra a política do país. Mas ela é um passo necessário e indispensável. A CNBB não é filiada a nenhum partido político, mas integrante da sociedade civil organizada, e que tem o compromisso de contribuir para que o Brasil seja um país melhor.

Também a questão indígena veio a tona na conversa com a imprensa. E como sempre, quem carrega essa bandeira é o bispo do Xingu (PA) e Presidente do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Dom Erwin Krautler;  “Paixão é o que move”, respondeu dom Erwin Kräutler ao ser apresentado por dom Dimas como um bispo que mesmo vivendo sob ameaça de morte em decorrência de seu trabalho, não perde a paixão pelo que faz.

Dom Erwin falou à imprensa que até pouco tempo atrás o Xingu era sinônimo de presença indígena, mas “de um tempo pra cá o Xingu remete à usina de Belo Monte, hidrelétricas e até lava-jato”.

“O tempo passa e apesar do prazo para a demarcação das terras indígenas terem expirado em 1993, permanecemos até hoje sem que tenha sido efetivamente feito”, disse. Uma preocupação que envolve toda a Igreja.

Na grade de atividades da 53ª AG, está ainda o debate sobre o novo texto que trata dos cristãos leigos e leigas. Aprovado em 2014, o texto de Estudos 107, Cristãos leigos e leigas na Igreja e na sociedade – Sal da Terra e Luz do mundo, volta à pauta da reunião episcopal para nova avaliação.

O encontro anual do episcopado brasileiro  reúne mais de 400 bispos, entre cardeais, arcebispos, bispos auxiliares e eméritos, além dos que fazem parte das igrejas de Rito Oriental. São 274 circunscrições eclesiásticas representadas.

O encontro dos bispos em Aparecida representa a comunhão da nossa Igreja; o encontro de pastores e amigos que servem o Povo de Deus. Um momento de celebração, de caminhar juntos em um país de grande diversidade.

“Quero uma Igreja missionária, solidária e que saiba ouvir!”, esse é o refrão que ouvimos em Aparecida nestes dias.

Dos estúdios da Rádio Vaticano em Aparecida, SP, Silvonei José.








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