Receita brasileira para levar comida a escolas africanas


Roma (RV) – A versão para a África do programa brasileiro de Aquisição de Alimentos (PAA) tem promovido em cinco países africanos a convergência entre políticas públicas de apoio à agricultura com aquelas de assistência social. Um modelo que tem se mostrado eficaz na luta contra a fome e na promoção da resiliência de comunidades vulneráveis.

Tanto que, recentemente, as conquistas do PAA – que chega ao terceiro ano – foram destacadas pelas Nações Unidas. Financiado pelo Departamento do Reino Unido para o Desenvolvimento (DFID) e coordenado pela Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) em parceria com o Programa Alimentar Mundial (WFP), o PAA mantém projetos-piloto em Moçambique, Etiópia, Níger, Senegal e Malauí.

Nos dois primeiros anos, o PAA supriu cerca de 1 mil toneladas de alimentos para mais de 128 mil estudantes de 420 escolas. Aproximadamente 37% da produção das famílias atendidas foram vendidas.

Produção e consumo local

Ao incentivar a produção da agricultura familiar local garantindo a aquisição de parte da colheita que será convertida em merenda escolar, o PAA estabelece um ciclo virtuoso que pode inspirar governos, Ong’s e programas de assistência social a não separarem ações que deveriam ser complementares.

O Coordenador do PAA na FAO, Israel Klug, explica que, além do efeito imediato das crianças que permanecem na escola e têm maior rendimento, o programa pode ter outros êxitos.

“No longo prazo, na medida em que esse programa seja expandido ao contexto nacional, isso pode ter um impacto em termos de recursos humanos e força de trabalho. Trata-se de toda uma geração que potencialmente pode ter maior acesso tanto à educação como à melhor nutrição por meio da alimentação escolar”, disse.

Garantias

Nestes três anos, o PAA auxiliou cerca de 5,5 mil pequenos agricultores que viram a produção aumentar mais de 100%. No Níger e no Senegal, grande parte da produção comprada pelo PAA vem de cooperativas administradas por mulheres agricultoras.

Em Moçambique, por exemplo, o PAA atua na província de Tete onde trabalha com 600 famílias agricultoras cuja produção alimenta mais de 70 mil estudantes de 175 escolas da região. A compra de parte da safra, principalmente de milho, assim como o treinamento que recebem, é uma garantia de retorno dos investimentos para os produtores, explica Klug.

“O agricultor tem mais segurança para investir porque sabe que uma parte da produção tem mercado já garantido”, afirmou o coordenador.  

Israel afirma que, por enquanto, o PAA não deve ser expandido para outros países.

 “O PAA África pretende contribuir não aumentando o número de países mas ampliar os projetos pilotos nestes cinco países. E, com isso, gerar mais conhecimento sobre que tipo de modelos são mais adaptados de acordo com os contextos nacionais. Com base nestes resultados de avaliação e monitoramento, oferecer conhecimento e dados que possam subsidiar decisões dos governos para a ampliação de programas de alimentação escolar”.  (RB)








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