Jubileu da Misericórdia, uma inversão do que se vê hoje em dia


Cidade do Vaticano (RV) - No início do ano o Papa Francisco havia dito que “Este é o tempo da misericórdia”. Sexta-feira passada  fez o anúncio do Ano Santo da Misericórdia. O Jubileu será proclamado solenemente em 12 de abril próximo, no Domingo da Divina Misericórdia, com a leitura e a publicação, na Porta Santa vaticana, da Bula oficial jubilar. O último Ano Santo, ainda fortemente impresso na memória, foi o Jubileu do ano 2000, com o Papa João Paulo II. São Portas de Misericórdia e de Fé que se escancaram para toda a cristandade, inclusive de modo imprevisível, como nos diz o diretor do diário da Conferência Episcopal Italiana (CEI) Avvenire, Marco Tarquinio, entrevistado pela Rádio Vaticano.

Marco Tarquinio:- “Um evento imprevisível, porque é uma inversão daquilo que vemos hoje: um tempo muitas vezes desorientado, um tempo de guerra, de fadiga pessoal, inversão do viver cotidiano em nossas sociedade ricas e complexas, naquelas sociedades pobres, esquecidas e exploradas.”

RV: A abertura da Porta Santa na Basílica de São Pedro na solenidade da Imaculada Conceição de Nossa Senhora, em 8 de dezembro próximo, se dará no quinquagésimo aniversário do encerramento do Concílio ecumênico Vaticano II: como a dizer que se acolhe um desafio para continuá-lo...

Marco Tarquinio:- “É outro modo para compreender a ideia da Igreja em saída da qual o Papa nos fala. O Concílio foi um dom da Igreja ao mundo e um olhar sobre a humanidade que ajuda, justamente, a viver o tempo para carregar dentro de si algo que o supera. E nós devemos superar os limites do tempo no qual nos encontramos, porque é um tempo marcado por grandes interrogações e é preciso encontrar as respostas começando a olhar para dentro de nós. Acompanhados por quem nos ama, a esposa de Cristo, a Igreja, creio que possamos fazer um bom caminho.”

RV: A organização deste Jubileu foi confiada ao Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização: também nisso se vê a Igreja em saída, que busca e abraça?

Marco Tarquinio:- “Creio que essa incumbência, um evento tão grande e planetário que não tem limites de continente e não tem limites de etnia nem de cultura, nos indique que a nova evangelização é o dom e o exemplo que a Igreja pode dar a este mundo sem paz abrindo as portas a todos “Ninguém excluído” – como intitulamos em primeira página no editorial do dia seguinte ao do anúncio do Jubileu. Foi o que o Papa nos disse.”

RV: No dia seguinte ao do anúncio todos os diários italianos abriram com a notícia do Jubileu: em primeira página, a esperança, o perdão...

Marco Tarquinio:- “Creio que o Papa nos esteja ajudando a entender que a Igreja está onde alguns seguidores do ídolo dinheiro não queriam que ela estivesse. No meio dos pobres do mundo que são pobres por dentro ou pobres em seus bolsos, está no meio daqueles que buscam... Creio que isso seja muito importante, porque é a verdade sobre a Igreja e é uma verdade à disposição de todos os homens e de todas as mulheres. O Papa continua usando duas palavras que retornam frequentemente – que muito me impressionam e me ajudam em meu trabalho jornalístico –, amor e justiça. Essas são as duas medidas. E devemos estar muito atentos para não perdê-las e para saber iluminar a ambas, porque não há justiça sem amor. O nosso mundo precisa disso. Creio que um tempo de misericórdia seja um tempo exemplar, inclusive diante dos horrores, da exasperação dos conflitos em andamento e daqueles que se prenunciam.” (RL)








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