Dom Tomasi: quem mais poluiu é mais responsável, que não sejam os pobres a pagar

Genebra (RV) - O observador permanente da Santa Sé no escritório da Onu em Genebra, na Suíça, Dom Silvano Maria Tomasi, fez um pronunciamento na sessão desta segunda-feira do Conselho para os Direitos Humanos, em andamento na cidade helvécia desde o dia 2 do corrente.

O pronunciamento do representante vaticano uniu-se ao tema do dia em debate: a promoção e a proteção de todo direito humano, inclusive o direito ao desenvolvimento, no respeito pelo ambiente.

Foram evidenciados três pontos para se alcançar uma justiça comum e distributiva: a contribuição de todos segundo as concretas possibilidades econômicas e tecnológicas, a partilha dos conhecimentos sobre acesso e produção dos recursos fundamentais, a tomada de responsabilidade no quadro da “justiça reparadora”.

Isso “implica que aqueles que mais se beneficiaram com o uso dos recursos naturais e, portanto, poluíram o ambiente mais que os outros, têm uma obrigação particular de trabalhar por sua restauração”, disse o prelado.

A esse propósito, em referência aos danos ambientais que poderiam “interferir” na fruição dos direitos humanos, a Santa Sé – recordou o arcebispo – expressa “apreço” pela boa prática de redigir “relatórios de sustentabilidade” relacionados aos impactos econômicos, ambientais e sociais causados pelas atividades das empresas no dia a dia.

“É uma questão de justiça – acrescentou – ajudar as pessoas pobres e vulneráveis que sofrem por motivos que em grande parte não foram causados por elas e que vão além do controle delas. Um passo concreto poderia ser colocar à disposição delas o melhor da tecnologia que amenize” os danos causados pela poluição.

Agora todos os olhos estão concentrados na Conferência de Paris sobre o clima, que se realizará em dezembro próximo: “nela, pobres e ricos serão vencedores se pudermos alcançar um acordo sobre um regime internacional pós-2020, em que todas as nações do mundo, incluídos os maiores responsáveis pelas emissões de gás que provocam o efeito estufa, cheguem a um acordo universal vinculador sobre o clima”. (RL)