Dezenas de cristãos sequestrados. Sobre a situação na Síria fala Dom Hindo


Damasco (RV) – São pelo menos 150 e não 90 como havia sido divulgado, o número de cristãos assírios sequestrados em Tell Tamr, na Síria, pelo Estado Islâmico, próximo à fronteira entre Turquia e Iraque. Testemunhas informam sobre a morte de alguns reféns, incluindo um jovem de 17 anos. Desde o último domingo está em andamento na região uma ofensiva dos pershmergas curdos, apoiados por ataques aéreos da coalizão internacional guiada pelos Estados Unidos. O Núncio Apostólico em Damasco, Dom Mario Zenari, entrevistado pelo canal dos bispos italianos TV2000, fala de uma Síria “totalmente banhada por sangue”, uma “dor transversal – afirma – qur atinge todas as minorias religiosas”. Dom Zenari confirmou que os cristãos do nordeste chegaram à Al-Hasaka fugindo dos jihadistas. Outro êxodo é em direção à Qamishly, mais a leste.

E enquanto na Síria prossegue a guerra entre facções e contra o regime de al-Assad, com dezenas de vítimas a cada dia, no Iraque é registrada uma onda de atentados, com pelo menos 23 mortos na terça-feira. Na Líbia a situação é sempre mais dramática, com o adiamento das conversações mediadas pela ONU para a estabilização. O Premier líbico Abdullah al Thani  denuncia que no país não existem somente terroristas do Estado islâmico, mas também milicianos islâmicos do Boko Haram, que estão devastando o norte da Nigéria.

Sobre a dramática situação dos cristão no norte da Síria, nos fala o Arcebispo Católico de Hassaké-Nisibi, Dom Jacques Behnan Hindo:

“Como cristãos na região, somos 125-130 mil. Atualmente estão espalhados um pouco por tudo, mas a maior parte dos cristãos estão em Hassakèe e Kahmishli. Muitos emigraram, porque já a mais de quatro anos que temos a guerra! Cerca de 20-25% emigraram... mas não é possível ter cifras exatas, porque todos os dias existem famílias que emigram. E o único caminho para poder partir e ir embora é de avião, de Kahmishli, em Damasco: todos, todos para ir embora devem chegar em Kahmishli para pegar o avião, saindo assim deste bloqueio que todos temos em torno a nós; no norte da Turquia bloquearam tudo, absolutamente tudo! Deixam passar somente os camihões, os daesh, isto é, as tropas do Estado Islâmico, o petróleo roubado da Síria, o trigo, o algodão.... Tudo isto pode passar pela fronteira, mas as pessoas não podem”.

RV: Vocês estão na mira dos jihadistas. Mas, recebem ajuda humanitária de algum lugar?

“Tem uma coisa que eu gostaria de dizer: a Cruz Vermelha ajuda enviando dinheiro ao Crescente Vermelho, mas o Crescente Vermelho não dá absolutamente nada aos cristãos! Ontem os responsáveis pelo Crescente Vermelho, encontrando o Alto Comissariado para os refugiados, vangloriaram-se diante da televisão e falaram como se tivessem ajudado muita gente. Mas na realidade, até agora, o Crescente Vermelho não deu nada aos cristãos, e já são quatro anos! Eu disse isto a um canal árabe e agora quero dizer também aqui: é necessário que a Cruz Vermelha o saiba!  Isto, realmente, me repugna”. (JE)

 








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