"Selma" e a luta pelo direito ao voto dos negros nos EUA


Roma (RV) - Em cartaz nas salas italianas o filme "Selma - a estrada da liberdade", dirigido pela Diretora Ava Du Vernay, que relata fatos históricos acontecidos no Alabama em 1965, durante os protestos pacíficos da comunidade afro-americana pelo direito ao voto. No papel de Martin Luther King, o ator inglês de origem nigeriana David Oyelowo. Um destaque especial, também para a trilha sonora.

Em 7 de março de 1965, seiscentos manifestantes negros participam de uma marcha pacífica, atravessando a Ponte Edmund Pettus, de Selma, sobre o Rio Alabama, quando são atacados pela polícia estadual, que é apoiada e incentivada por brancos locais. Os demonstrantes pediam o direito ao voto, negado a eles nos Estados do Sul, marcados por forte segregação e ódio racial. Paradoxalmente, os Estados Unidos estavam envolvidos numa guerra longínqua na Ásia, a Guerra do Vietnã. As imagens da ação policial transmitidas ao vivo pela televisão chocaram o país, fazendo com que muitos brancos e religiosos respondessem positivamente à convocação de uma segunda marcha, conduzida por Martin Luther King. O Pastor evangélico de Boston, James Reeb, morre ao ser atacado durante a noite por segregacionistas brancos.  Após meses de violência, protestos, engodos e indignação nacional, finalmente, em 6 de agosto de 1965 o Presidente Johnson assina o histórico "Voting Rights Act", assegurando assim o direito ao voto a toda a população afro-americana. O filme conta de forma apaixonada todos estes acontecimentos, que culminaram com o assassinato do Reverendo King em 1968.  A Diretora do filme precisa alguns aspectos de seu trabalho:

"Eu me concentrei em uma história de personagens, porque eu realmente vi o Dr. King como um homem comum que fez uma coisa extraordinária. E todos aqueles personagens eram pessoas comuns que foram além do que todos pensassem que pudessem fazer. Portanto, se pensa ao Dr. King como a uma estátua de pedra, a um discurso, como a um líder de marchas, mas ele era um homem, era um homem morto aos 39 anos, enquanto lutava pela liberdade, que todos nós gozamos. E portanto, quando se desmonta o seu mito e se chega ao homem que era, cresce um pouco dentro de ti, porque sabe que a força interior é realmente alguma coisa que todos têm e, se a tiras para fora, podes fazer grandes coisas".

 RV: Como abordaste este período histórico?

"A minha abordagem foi a de dizer a verdade, o melhor que podíamos, porque a verdade daquilo que aconteceu, os verdadeiros personagens que agiram, são muito mais convincentes do que qualquer personagem que possas inventar. Todos aqueles que se vê no filme existiram verdadeiramente, realmente lutaram e realmente fizeram estas coisas. São coisas afascinantes e tão ricas!"

RV: O que o filme oferece ao público, na sua opinião?

"Convidamos as pessoas a ver um filme sobre a resistência. Existe uma espécie de beleza no resistir àquilo que tu sabes não ser verdadeiro. E a mentira a que as pessoas neste filme e as pessoas que realmente viveram, resistiram, é representada pelo fazer alguém sentir-se inferior. Ser negro, em 1965, no Alabama significava isto. Mas também em 2014-2015, é sentido como algo que não está bem. Ninguém é inferior a ninguém e as barreiras, as estruturas, os sistemas colocados em torno a nós, que servem para fazer sentir esta inferioridade, não são nunca verdadeiros. Portanto, olhar o desernrolar de uma história em que as pessoas triunfaram sobre esta mentira, é algo universal". (JE)








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