Editorial: A possível felicidade


Cidade do Vaticano (RV) – Quando falamos de juventude e de compromisso, imediatamente nos vêm à memória o grande espetáculo juvenil vivido em 2013 nas areias da Praia de Copacabana, quando milhões de jovens do Brasil e do mundo inteiro se reuniram ao redor do Papa Francisco, para celebrar a vida e o encontro com o Senhor da Vida, Jesus Cristo. Estamos falando da Jornada Mundial da Juventude que arrastou os jovens de todas as partes do planeta para outra praia, não a do Mar da Galileia, mas do Rio de Janeiro. Nesta semana o Papa Francisco dirigiu-se novamente aos jovens do mundo inteiro através de uma mensagem por ocasião da próxima Jornada Mundial da Juventude que se realizará no dia 29 de março, Domingo de Ramos, em nível diocesano.

 

“Felizes os puros de coração, porque verão a Deus”. Este é o tema extraído do Evangelho de São Mateus da 30ª Jornada Mundial da Juventude, etapa do caminho em direção do encontro internacional de julho de 2016 em Cracóvia, na casa de São João Paulo II, o idealizador das Jornadas.

 

Um caminho em direção a Cracóvia que tem como guia “o sermão da montanha” de Jesus no qual nove vezes aparece a expressão “felizes”. E da comum busca da felicidade, parte a reflexão do Papa Francisco, um desejo irreprimível de plenitude colocado por Deus no coração de cada pessoa e descrito já nos primeiros capítulos do Gênese como “comunhão perfeita com Deus, com os outros, com a natureza, consigo mesmo”.

 

Mas depois o pecado entra na história e polui a pureza das origens: daquele momento em diante, escreve o Papa, o acesso direto à presença de Deus não é mais possível, a “bússola” interior que guiava os homens na busca da felicidade perde o seu ponto de referência e então entram a tristeza e a angústia. E ao grito da humanidade Deus, porém, responde enviando o seu Filho que “abre horizontes novos”. Somente ele pode satisfazer as expectativas tantas vezes desiludidas por falsas promessas mundanas.

 

Francisco então explica o significado de coração, o centro dos sentimentos e dos pensamentos, e da palavra “puro”, isto é, limpo, límpido, livre de substâncias contaminadoras.

 

E o Papa fala de “ecologia humana”, explicando que “se é necessária uma sã atenção para a custódia da criação, mais ainda devemos custodiar a pureza do que temos de mais precioso”: os nossos corações e as nossas relações, em particular a nossa relação com Deus, o sentir-se amados e guiados por Ele.

 

O Santo Padre observa em seguida na sua mensagem a vocação humana para o amor, e que o matrimônio não está “fora de moda”. “Exorto vocês a se rebelarem contra a tendência generalizada de banalizar o amor, sobretudo quando se procura reduzi-lo apenas ao aspeto sexual, desvinculando-o assim das suas características essenciais de beleza, comunhão, fidelidade e responsabilidade”.

 

Francisco refere que na juventude surge “a grande riqueza afetiva”, o “desejo profundo de um amor verdadeiro, belo e grande”, sinal da “capacidade de amar e ser amados”. “Não permitam – escreve - que este valor precioso seja falsificado, destruído ou deturpado”.

Francisco não cansa de elevar a sua voz contra a cultura do provisório, do relativo, e aponta o dedo contra aqueles que pregam que o importante é ‘curtir’ o momento, que não vale a pena comprometer-se por toda a vida, fazer escolhas definitivas, ‘para sempre’, uma vez que não se sabe o que reserva o amanhã. O Santo Padre, ao invés disso pede aos jovens que sejam revolucionários que vão contra a corrente, que se rebelem. “Eu tenho confiança em vocês jovens, e rezo por vocês”, disse.

A mensagem do Papa Francisco aos jovens do mundo inteiro contem ainda três conselhos: antes de tudo a oração; e o Papa escreve: vocês sabem que podem falar com Jesus, com o Pai, com o Espírito Santo, como se fala com um amigo? Depois a leitura diária do Evangelho, e o amor pelos irmãos, especialmente os mais esquecidos. Deste modo se torna possível reconhecer a sua presença na nossa história e descobrir qual é o projeto de amor de Deus para cada um. E o Papa é lapidário: a vontade de Deus é que sejamos felizes.

A mensagem do Santo Padre é mais uma mensagem que toca o coração e faz vibrar os sentimentos não só dos jovens, porque apresenta um caminho, certamente com pedras, estreito, mas um caminho que conduz a uma felicidade perene, onde o vazio das escolhas mundanas dá lugar à plenitude do verdadeiro amor. Boa leitura e reflexão das palavras de Francisco. (Silvonei José)








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