Metropolita Hilarion afirma que unidade entre cristãos está mais difícil


Londres (RV) -  "Existe um futuro de cooperação inter-religiosa?". Este foi o tema da conferência proferida na Faculdade Teológica da Universidade de Winchester, Inglaterra, pelo Presidente do Departamento para as Relações Eclesiásticas Externas do Patriarcado de Moscou e Reitor da Escola de Doutorado e Altos Estudos Teológicos, Metropolita Hilarion de Volokolamsk,  por ocasião de sua visita ao Reino Unido nos dias passados. 

Em seu discurso, o Metropolita afirmou que após "decênios de diálogo entre os cristãos", "não se verificou a convergência de posições", que parecia possível. Segundo ele, aumentaram as divergências em relação há 50-70 anos: "de um lado entre os católicos e ortodoxos" e de outro "com o mundo protestante".

O líder ortodoxo explicou que hoje as diferenças entre os cristãos de diferentes confissões, não dizem respeito somente à questões doutrinais, mas também à área da moral, campo no qual "o testemunho cristão poderia estar unido, independentemente das diferenças doutrinais". Sob a influência da ideologia laica – observou ele - algumas comunidades cristãs "estão se afastando das normas morais fundamentais escritas nas páginas do Novo Testamento, nas pregações de Cristo e nas Cartas do Apóstolo Paulo".

Para Hilarion, "hoje torna-se cada vez mais difícil falar de um único sistema de valores espirituais e morais, aceito por todos os cristãos em todo o mundo. Atualmente, existem diversas versões do cristianismo, propostas por diversas comunidades. Sob este ponto de vista - ponderou - os cristãos de hoje podem ser divididos em dois grupos: tradicionais e liberais. E um abismo divide não tanto os ortodoxos e católicos, ou os católicos e os protestantes, mas sim os 'tradicionalistas' e os 'liberais'. Os liberais defendem que os tradicionalistas deveriam reconsiderar suas opiniões, para estar em compasso com os tempos. Já os tradicionalistas, acusam os liberais de rejeitarem as normais cristãs gerais fundamentais, de minar as bases da moral cristã".

"Para a Igreja Ortodoxa - precisou o Metropolita - nesta caso não se trata de 'tradicionalismo', mas de fidelidade à revelação divina, contida nas Sagradas Escrituras, e de manter a autenticidade da mensagem cristã. E se os assim chamados cristãos liberais rejeitam a tradicional compreensão das normas morais, significa que estamos diante de um grave problema: não estamos divididos somente em questões que, do ponto de vista do mundo externo, possam ser consideradas de natureza "técnica" e ligadas exclusivamente ao diálogo interno entre cristãos. Hoje estamos divididos na própria essência do testemunho a que somos chamados a dar ao mundo externo. Não falamos com uma só voz, não pregamos os mesmos ensinamentos morais, não somos capazes de mostrar solidariedade comum em defender os princípios morais, sobre os quais foi construída por séculos a vida da comunidade cristã".

Ao final de seu pronunciamento, o Metropolita exortou todos a ações de solidariedade das Igrejas Cristãs para defender a identidade cristã na Europa e proteger os cristãos perseguidos no Oriente Médio e África.

O mesmo tema foi abordado pelo líder Ortodoxo em outra conferência, proferida na Igreja de Saint Giles, da Universidade de Cambridge. (JE)








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