Novo Catecismo: "Eu sou"


Cidade do Vaticano (RV) -  No nosso espaço dedicado aos 20 anos da publicação do Novo Catecismo, o Padre Gerson Schmidt nos traz uma reflexão sobre a expressão usada por Jesus “Eu sou”.

“Amado ouvinte!

Falamos no encontro anterior SOBRE A ESSÊNCIA DO NOME DE DEUS. Prometemos fazer uma ponte nessa revelação de Moisés na sarda ardente -  quando diz “eu sou aquele que Sou” - com as expressões joaninas de Cristo no Novo Testamento, quando por diversas vezes, usa-se essa rica expressão “EU SOU”.  Em cada ponto do Catecismo e do AT, sempre temos que apontar o Mistério pascal, a releitura do Antigo Testamento a partir da Páscoa. Esse movimento sempre faremos aqui nesse programa. Cada ponto, cada verdade, ligaremos e fazemos uma ponte direta a Jesus Cristo, plenitude da revelação do Pai. Aqui nesse ponto o fazemos em relação a essência e ao nome de Deus.

Jesus utiliza essa expressão ouvida por Moisés para se autoapresentar com Deus, em diversos textos no Evangelho de São João: Eu sou o Pão da vida; eu sou a porta, o bom Pastor; eu sou a Luz do Mundo; eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida... ou simplesmente sem acrescentar um substantivo...simplesmente diz: eu sou, como nessa sua máxima evangélica: "Quando tiverdes elevado o Filho do Homem, então sabereis que “EU SOU".  É na cruz que Ele se revela autenticamente como Deus. Deus é e sempre será. Cristo é Deus, sempre foi Deus. Como diz  o Apocalipse: “Eu sou aquele que é que era e que vem” (1) .

Perceba, ouvinte, que a cada frase setencial, lapidar de Cristo “eu sou a luz do mundo”, “eu sou o Pão da Vida”, Jesus se autorrevela com um milagre, junto com sua pregação querigmática. Quando, por exemplo, diz que “Eu sou o pão da vida”, ele multiplica os pães”. Quando revela-se dizendo “eu sou a Luz do Mundo”, cura o cego, tanto Bartimeu como o Cego de Nascença. E assim por diante, cada autorrevelação e autoapresentação de Jesus, utilizando a expressão  da Sarça Ardente “eu sou”, Ele empreende uma atitude concreta, real, palpável, que comprove o que vai dizer ou disse, zelando em ato o que diz pela palavra. Quando diz, eu sou o bom pastor que dá a vida pelas ovelhas”, está já se despedindo às portas de sua entrega real por todo o rebanho. E aí eu pergunto a você, que nos acompanha pelo rádio: qual a atitude que Jesus tem quando se apresenta assim: “eu sou o Caminho, a Verdade e vida?”. Vou repetir o que dissemos acima, pois a repetição dizem os latinos é a rainha da ciência: "Quando tiverdes elevado o Filho do Homem, então sabereis que “EU SOU".  É na cruz que Ele revela a essência do seu ser-si-mesmo (2): Deus é amor e perdão.

Nele, em Deus, "não há mudança, nem sombra de variação", como diz o apóstolo Tiago, no capítulo um, versículo dezessete (3) . Ele é "AQUELE QUE É", desde sempre e para sempre, e é assim que permanece sempre fiel a si mesmo e às suas promessas [a46] .

E o Catecismo conclui ainda esse aspecto do nome de Deus, no número 213, desta forma: “A revelação do nome inefável "EU SOU AQUELE QUE SOU" contém, pois, a verdade de que só Deus é. E neste sentido que a tradução dos Setenta e, na esteira deles, a Tradição da Igreja compreenderam o nome divino: Deus é a plenitude do Ser e de toda perfeição, sem origem e sem fim. Ao passo que todas as criaturas receberam dele todo o seu ser e o seu ter, só ele é seu próprio ser, e é por si mesmo tudo o que é”. Deus é o que é e não precisa de nada para ser mais. Deus é completo, é plenitude, é perfeição. Se não se bastasse, não seria Deus.

É, para finalizar, como diz Santa Teresa d’Ávila: “Nada te perturbe, nada te espante, tudo passa, Deus não muda, a paciência tudo alcança; Quem a Deus tem, nada lhe falta: Só Deus basta”.

Amado ouvinte, até breve. Paz e benção a você.

 

  1. [1] Ap 1,4.
  2. 2 Expressão heidegeriana.
  3. 3 Tg 1,17.







All the contents on this site are copyrighted ©.