CNBB preocupada com a crise hídrica


Brasília (RV) - O Conselho Episcopal Pastoral (Consep) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) conclui nesta quarta-feira (04/02) a primeira reunião do ano. No primeiro dia (03/02), o membro da Comissão Brasileira Justiça e Paz (CBJP), Daniel Seidel, apresentou a análise de conjuntura político-social.

Em âmbito internacional, constam na análise o anúncio de reaproximação entre Cuba e Estados Unidos, mediada pelo Papa Francisco; as eleições na Grécia e seus efeitos sobre a crise da União Europeia; o ataque contra a revista Charlie Hebdo; e o relatório da ONG britânica Oxfam, divulgado na véspera do Fórum Econômico Mundial, que mostra o crescimento da desigualdade no mundo. De acordo com a Oxfam, “se continuar o ritmo de crescimento da desigualdade, em 2016 o 1% mais rico da população do planeta terá ultrapassado a riqueza dos outros 99%”.

No que diz respeito à América Latina, foi destacada na análise de conjuntura a situação do Haiti. De acordo com o texto, cinco anos após o terremoto, “o quadro social em geral é complicado”. A análise mostra que cresce o número da população com AIDS. Além disso, 70% das pessoas estão desempregadas e vivem com menos de dois dólares por dia. O Secretário-Geral da CNBB, Dom Leonardo Steiner, lembrou que, em janeiro, participou de um encontro com o Papa sobre a reconstrução do Haiti. O Bispo disse que existe um trabalho “extraordinário em termos de reconstrução” e destacou o projeto de solidariedade entre os dois países, uma iniciativa da CNBB e da Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB), que surgiu logo após a tragédia. “O trabalho que estamos fazendo junto com a CRB está no meio do povo”, ressaltou Dom Leonardo.

Realidade brasileira

Com relação ao Brasil, a análise aborda a crise hídrica. “O sistema brasileiro de geração de energia a partir da água não se sustenta mais”, aponta. Conforme o texto, “a crise é grave e tem caráter prolongado, visto que as obras que se anunciam visam compartilhar os recursos hídricos existentes, mas nenhuma iniciativa de política pública enfrenta a raiz do problema, que são o modelo de desenvolvimento depredador e a matriz energética a ele vinculada”.

O Presidente da CNBB, Cardeal Raymundo Damasceno Assis, manifestou preocupação com relação às populações mais carentes. Dom Damasceno relatou ter visto pessoas atravessando o Rio São Francisco a pé, na região que liga Petrolina e Juazeiro. “Algo que não acontecia”, acrescentou. Para o Cardeal, “é preciso buscar uma solução não só imediata, mas a médio e longo prazos”. O cardeal recordou que, em 2004, a Campanha da Fraternidade já havia abordado a questão da água, quando foram apontados desafios e soluções.

O arquivamento da Projeto de Emenda Constitucional 215 também está presente na análise de conjuntura. A PEC 2015 visa “definir como competência exclusiva do Congresso Nacional a homologação das demarcações das terras tradicionalmente ocupadas pelos indígenas”.

Outro ponto da análise refere-se à criação da Frente pelas Reformas Populares, que terá “o objetivo de concretizar uma ampla unidade para construir mobilizações que façam avançar a conquista de direitos sociais e bandeiras históricas da classe trabalhadora. Buscará também fazer a disputa de consciência e opinião na sociedade”. A Frente pelas Reformas Populares foi lançada em 22 de janeiro e compreende movimentos populares e entidades da sociedade civil.

Após exposição e debate, o texto da análise de conjuntura passará por uma revisão para, posteriormente, ser divulgado no site da CNBB.

(BF/CNBB)








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