Novo Catecismo: O Nome de Deus


Cidade do Vaticano (RV) – No nosso espaço dedicado aos 20 anos da publicação do Novo Catecismo, o Padre Gerson Schmidt nos traz hoje a reflexão sobre “O nome de Deus”.

"Amado ouvinte!

Falamos nos encontros anteriores sobre o ponto fundamental de todas as verdades que cremos. O fundamento sobre o qual construímos o edifício de nossa fé é acreditar em Deus, único Deus. Fora dele não há outro nome pelo qual devamos ser salvos, diz o apóstolo Pedro, no querigma que ele proclama em Atos dos apóstolos, capítulo quatro, versículo 12. Vou ler o texto para saborear melhor, onde Pedro proclama no templo aos chefes, anciãos e escribas, diante de Anás e Caifás: “É ele a pedra rejeitada por vós os construtores, mas que se tornou a pedra angular. Pois, não há outro nome dado aos homens pelo qual devamos ser salvos”[1].

Mas, afinal, quem é Ele para que possamos acreditar? Qual é o seu nome? Quem ou o que é Deus para mim?

Moisés, quando conversava com Deus na sarça ardente, fez essa pergunta sobre quem é Deus e qual o seu nome. Estamos aqui no número 205 do Catecismo que diz assim: “Deus chama Moisés do meio de uma sarça que queima sem consumir-se. Ele diz a Moisés: "Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacó" (Ex 3,6). Deus é o Deus dos pais, Aquele que havia guiado os patriarcas em suas peregrinações. Ele é o Deus fiel e compassivo que se lembra deles e de suas próprias promessas; vem para libertar seus descendentes da escravidão. Ele é o Deus que, para além do espaço e do tempo, pode e quer fazê-lo, e que colocará sua onipotência em ação a serviço desse projeto”[2].

Que projeto? A salvação de todo o gênero humano.

Moisés é intrigante nessa pergunta sobre Deus que é uma pergunta para toda a nossa vida. Dela depende toda a nossa fé, o nosso viver religioso, nossa relação com Deus. Moisés dialoga com Deus nesses termos: "Quando eu for aos filhos de Israel e disser: O Deus de vossos pais me enviou até vós”, e me perguntarem: “Qual é o seu nome?”, que direi?" Disse Deus a Moisés: "Eu sou AQUELE QUE É". Disse mais: "Assim dirás aos filhos de Israel: “EU SOU me enviou até vós”... Este é o meu nome para sempre, e esta deve ser a minha lembrança de geração em geração (Ex 3,13-15).

No número 206 o Catecismo ainda diz assim: “Ao revelar seu nome misterioso de Iahweh, "Eu sou AQUELE QUE É" ou "Eu Sou Aquele que SOU" ou também "Eu sou Quem sou", Deus declara quem Ele é e com que nome se deve chamá-lo. Este nome divino é misterioso como Deus é mistério. Ele é ao mesmo tempo um nome revelado e como que a recusa de um nome, e é por isso mesmo que exprime da melhor forma a realidade de Deus como ele é, infinitamente acima de tudo o que podemos compreender ou dizer: ele é o "Deus escondido" (Is 45,15), seu nome é inefável, e ele é – ao mesmo tempo - o Deus que se faz próximo dos homens”. Por isso, houve um costume hebreu de não pronunciar o nome de Deus em vão, como pedia o segundo mandamento, pois seu nome é Santo, é tão sublime que não deveríamos pronunciá-lo sem motivos justos.

E o Catecismo sentencia no número 207 assim: “Ao revelar seu nome, Deus, revela ao mesmo tempo sua fidelidade, que é de sempre e para sempre, válida tanto para o passado ("Eu sou o Deus de teus pais", Ex 3,6) como para o futuro ("Eu estarei contigo", Ex 3,12).” Deus, que revela seu nome como "Eu sou", revela-se como o Deus que está sempre presente junto a nós para nos salvar. É em último análise um DEUS FIEL – expressão tão usual que vemos em adesivos de inúmeros carros por aí.

Um pouco mais abaixo, no número 211, acompanhe aí no seu catecismo, há uma afirmação interessantíssima: “O Nome divino "Eu sou" ou "Ele é" exprime a fidelidade de Deus, que, apesar da infidelidade do pecado dos homens e do castigo que ele merece, "guarda seu amor a milhares" (Ex 34,7). Deus revela que é "rico em misericórdia" (Ef 2,4), indo até o ponto de dar seu próprio Filho. Ao dar sua vida para libertar-nos do pecado, Jesus revelará que ele mesmo traz o Nome divino: "Quando tiverdes elevado o Filho do Homem, então sabereis que “EU SOU" (Jo 8,28[a44] ).

Amigo, amiga ouvinte, no próximo programa, aprofundamos esse aspecto rico do nome e da essência de Deus, quando, sobretudo no Evangelho de São João, Cristo utiliza essa expressão de Moisés “Eu sou”.

Pe. Gerson Schmidt

[1] At 4,12.

[2] CIC, 205.








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