2015-01-14 08:52:00

Santuário de Madhu: 470 anos de história e de fé


Depois de Santa Missa de canonização do P. José Vaz, Apóstolo do Sri-Lanka, o Papa voltou à Nunciatura, onde almoçou e às 13.50 hora local, transferiu-se de helicóptero para o Santuário de Madhu, 250 km a norte de Colombo, região que sofreu muito pela guerra de 30 anos no país e que se concluiu há apenas cinco anos.

Habitada sobretudo pelo povo tâmil,  a cidade de Madhu faz parte da Diocese de Mannar formada por 34 paróquias com 55 sacerdotes.

As origens do Santuário de Nossa Senhora de Madhu remontam a 1544, quando o rei Jaffna, mandou massacrar 600 cristãos de Mannar que, graças à acção evangelizadora dos portugueses chegados à ilha de Ceylon (como se chamava o Sri-Lanka) em 1505 se tinham convertido ao cristianismo. O rei temia o expandir-se da influencia portuguesa. Alguns fiéis que conseguiram escapar ao massacre erigiram no mato um pequeno lugar de oração, pondo a estátua de Nossa Senhora na àrea  onde se encontra hoje o Santuário.

Em 1583 alguns cristãos, fugidos novamente à fúria em Mannar, iniciaram a construir igrejas nas proximidades da cidade. Uma dessas Igrejas encontra-se em Mantai e é a primeira “casa” da estátua de Nossa Senhora de Madhu.

Desembarcados em Ceylon no ano de 1656, os holandeses deram início a uma violenta persecução dos católicos. Trinta famílias católicas vão de aldeia em aldeia à procura de refúgio, levando consigo a estátua de Nossa Senhora e, em 1670, se estabelecem em Maruthamadhu, lugar onde se ergue actualmente o Santuário.

Outros católicos fugidos à persecução holandesa juntam-se a elas: De entre eles havia uma mulher portuguesa, Helena, a quem se ficou a dever a construção da primeira pequena igreja dedicada a Nossa Senhora de Madhu.

Por toda ilha se difunde, então, a fama de Nossa Senhora de Madhu, curadora e protectora contra mordeduras de serpentes.

Com a chegada a Ceylon do Padre José Vaz em 1687, o catolicismo volta a reflorescer, e Madhu torna-se, em 1706, num centro missionário.

Em 1872 é colocada a primeira pedra da actual Igreja do Santuário e a estátua da Virgem de Madhu é coroada em 1924, pelo legado pontifício em nome do Papa Pio XI e, em 1944, a Igreja é  consagrada.

O Santuário de Madhu é, desde sempre, um lugar de oração respeitado e frequentado por fiéis católicos e de outras religiões do Sri-Lanka.

Não obstante isto, a zona do Santuário não foi poupada pelos combates nos anos passados entre os rebeldes tâmis e as forças governamentais. Mas os bispos do País conseguiram  fazer de Madhu uma zona desmilitarizada, garantindo a segurança dos peregrinos e dos numerosos refugiados que acorreram para essa àrea, fugindo à guerra. Com efeito, a partir de 1990, os 160 hectares de terreno circunstantes ao Santuário acolheram milhares de deslocados devido à guerra, tornando-se num verdadeiro campo de refugiados, reconhecido como tal pelas partes em conflito.

Em 2001 a imagem de Nossa Senhora foi levada em peregrinação, ao longo de todo o ano, por todos os cantos do país. E depois de sangrentas batalhas (a Cruz), iniciaram em 2004 as negociações de paz que se concluiram em 2009, com a paz definitiva. Por isso, os srilankeses vêem em Nossa Senhora de Madhu um símbolo de paz. 

Em Abril de 2008, o Santuário foi reentregue à Diocese de Mannar e reaberto ao culto em 2010.

(DA)








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