Viagem ao Iraque, um sonho de Francisco


Cidade do Vaticano (RV) - "O Papa Francisco quer ir ao Iraque. Uma viagem breve. Tudo em um dia. Saída de Roma, chegada em Bagdá, saudação às autoridades e viagem à Irbil, no norte, para ver, encontrar, abraçar os refugiados cristãos de Mosul, celebrar a Missa e voltar a Roma na mesma noite. Para ele seria uma alegria imensa". Declaração do Cardeal Arcebispo de Lyon, Dom Philippe Barbarin, ao jornal dos bispos italianos "Avvenire", confirmando o desejo já manifestado em outras ocasiões pelo Pontífice.

Nos últimos meses, Dom Barbarin esteve em duas oportunidades no Iraque, sendo a última nos dias 6 e 7 de dezembro, quando levou a solidariedade material e espiritual dos fieis da diocese francesa e a vídeo-mensagem do Papa Francisco. "Por ocasião da viagem de dezembro a Irbil - contou o purpurado - eu disse ao Papa Francisco: primeiro passo em Roma, o pego e o levo ao Iraque. Então ele começou a rir e decidiu gravar uma video-mensagem, muito bonita, que foi a nós confiada, onde agradece aos cristãos do Iraque pela fidelidade a Cristo, "não renegada por nenhum de vocês"".

"O Papa estava muito contente que nós iríamos a Irbil - continuou Dom Barbarin. Fomos lá para construir casas, escolas, levar remédios, estabelecer laços de oração entre as famílias, também por meio de fotografias, para que possam ver o rosto da pessoa pela qual se está rezando". O Arcebispo de Lyon, contou que levou a Irbil a experiência da celebração da Festa da Imaculada como é vivida em sua diocese, desde 1852: "Fizemos uma procissão e luzes foram colocadas nas janelas. Vieram católicos mas também muçulmanos. Eram cerca de dez mil pessoas. Na entrada da cidade, tem uma grande estátua da Virgem. Alí projetamos a video-mensagem do Papa. Depois, celebramos a Missa e recitamos o Rosário, recolhidos na Catedral", relatou.

O Cardeal francês contou que a perseguição é uma experiência antiga para os cristãos iraquianos: "não existe uma família sequer que não tenha histórias de expulsões e fuga da própria casa e da própria cidade - observou. O Patriarca de Babilônia dos Caldeus, Louis Raphäel Sako, por exemplo, desde pequeno, foi expulso com sua família três vezes. Mas os cristãos estão conscientes que sem a sua presença é impossível construir e renovar o Iraque. Mas estão cada vez mais desesperados e muitos querem partir", lamentou, pedindo para eles ajuda material, amizade com a proximidade humana e ajuda espiritual, com a oração.

A experiência de diálogo entre cristãos e muçulmanos existente em sua Arquidiocese, foi usada como exemplo para mostrar que o diálogo é possível. "Em todas as épocas vimos como é possível o diálogo e a amizade entre muçulmanos e cristãos. Um exemplo muito interessante, na metade do século XIX, é a amizade entre o Bispo de Argel, Antoine-Adolphe Dupuch e o Emir Abdelkader, um extraordinário homem espiritual, do qual temos as cartas. Sempre houve um debate teológico, filosófico e espiritual entre muçulmanos e cristãos. Em Lyon, por exemplo, estamos promovendo encontros extraordinários sobre oração, a Palavra de Deus, na Bíblia e no Alcorão e nascem amizades maravilhosas". Ele contou ainda, que quando em 1996 seis monges trapistas foram sequestrados e assassinados por fundamentalistas islâmicos na Argélia, foi o próprio Presidente do Conselho regional dos Muçulmanos que propôs realizar uma peregrinação (...). Se do diálogo e da amizade não se chega à admiração, não é possível um progresso no encontro".  (JE)








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