Com Imames e sobreviventes de Auschwitz, gestos de paz de Francisco!


Cidade do Vaticano (RV) – Seis sobreviventes de Auschwitz e quatro imames franceses participaram nesta quarta-feira da primeira Audiência Geral de 2015, testemunhando, ao lado do Papa, “a urgência da paz e dos esforços contra toda forma de violência”.

Um dos fortes testemunhos de paz é dado pelos imames franceses, que há anos trabalham com os católicos na promoção de um diálogo concreto. “Quando existe um conhecimento mútuo, criam-se relações de amizade e assim é mais fácil enfrentar as questões mais complexas”, explicou o Presidente do Conselho da Conferência Episcopal francesa para as Relações Inter-religiosas, o Bispo de Evry-Corbeil-Essonnes, Dom Michel Dubost. “Esta visita – reiterou ele – não é um fato isolado. Estamos aqui para dar um sinal comum do nosso compromisso pela paz”. Ele destacou ainda a importância deste primeiro encontro de uma “tão alta representação de muçulmanos franceses com o Papa”.

O prelado explicou que o trabalho conjunto “nos está levando a enfrentar pela raiz a questão do fundamentalismo e da intolerância, para tentar dar uma resposta às preocupantes tensões que surgem em tantas partes da Europa, mas também à delicada questão do Oriente Médio”.

Ao apresentar os imames ao Pontífice, Dom Dubost destacou seus perfis de “profunda espiritualidade”. Azzedine Gaci é Reitor da Mesquita de Orhman, em Villeurbanne, Tareq Oubrou é Reitor da Grande Mesquita de Bordeaux, Mohammed Moussaoui é Presidente da União das Mesquitas Francesas e Djelloul Seddiki é Diretor do Instituto Al Ghazali, da grande Mesquita de Paris. Eles estavam acompanhados pelo sacerdote Christophe Roucou, Diretor do Serviço da Conferência Episcopal para as Relações com o Islã.

Na permanência em Roma, estão sendo realizados diversos encontros de alto nível que culminarão, nesta quinta-feira, com o colóquio com o Presidente do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso, Cardeal Jean Louis Tauran.

Sobreviventes de Auschwitz

O Papa Francisco também encontrou sobreviventes de Auschwitz, que lhe narraram suas histórias.

Kazimierz Albin, 93 anos, polonês, tinha apenas 16 anos quando chegou ao campo de concentração nazista, “com a primeira carga de prisioneiros”. “Consegui fugir – contou ele – mas eles se vingaram deportando e matando minha mãe e minha irmã”.

Marian Turski, 89 anos, por sua vez, falou dos esforços dos sobreviventes para que não seja esquecido o que aconteceu entre Buchenwald e Auschwitz. Zofya Posmysz, 91 anos, leva consigo uma medalha com a face de Cristo coroado de espinhos, feita “por um prisioneiro pouco antes de ser morto”. Ela presenteou o Papa Francisco com o livro ‘Christus von Auschwitz’, a obra em que relata a sua experiência. Esther Bejarano, 91 anos, teve a vida salva graças “à grande paixão pela música: os nazistas me colocaram na orquestra fazendo-me tocas dia e noite”, diz ela. Raphael Esrail, 90 anos, francês, salvou muitas pessoas falsificando documentos: “Sou judeu, mas os meus melhores amigos no campo eram católicos e casei com uma mulher católica”. Por fim, Felix Kolmer, 93 anos, originário de Praga, recorda “cada momento vivido próximo às pessoas destinadas às câmaras de gás”.

Ao lado deles, estavam três jovens alemães que hoje prestam serviço no campo, como voluntários. “Nós recém colocamos no lugar a cerca e reorganizamos os setores onde são conservados os calçados pertencentes aos prisioneiros”, explicaram.

Ao Papa foi doada uma pequena escultura, com a letra “b” virada, da expressão “Arbeit macht frei” (O trabalho liberta), colocada na entrada do Campo de Auschwitz. A mesma escultura já foi doada a Angela Merkel, Shimon Peres e Ban Ki-moon.

Ao final da Audiência o Papa recebeu ainda cinco cozinheiros húngaros, que no dia da Epifania prepararam duzentas refeições para os pobres assistidos em Roma pela Comunidade de Santo Egídio. Eles apresentaram ao Pontífice a motivação de sua experiência, nascidas “após terem ouvido os apelos do Papa em favor dos pobres”. (L’Osservatore Romano – JE)

 

 








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