Cristãos no Oriente Médio: feridos porém mais fortes


Cidade  do Vaticano (RV) - Um ano dramático e atordoante. Assim o Custódio da Terra Santa, Padre Pierbattista Pizzaballa, define o ano que terminou em uma entrevista à revista Famiglia Cristiana

Pizzaballa está convencido que 2014 tenha sido um divisor de águas. “Nada será como antes. O surgimento do Califado mudou as cartas e as regras do jogo. O Estado Islâmico (EI) marcou uma grande transformação nas relações entre os próprios muçulmanos e, depois, entre os muçulmanos e os cristãos. É preciso estar muito atento nas análises para evitar simplificações e esquecimentos. É, antes de tudo, uma guerra entre sunitas e xiitas e suas respectivas referências internacionais e religiosas. Os cristãos não são o primeiro objetivo do Califado do terror, mas assim como tantos outros, viraram alvo de uma guerra atroz, que tem diversas ligações com o Ocidente e com vários interesses”, afirma Padre Pizzaballa.

Condenação

O Custódio comentou ainda o fato paradoxal de que o próprio Islã tenha condenado o EI. “Esta é uma outra grande novidade e por isso digo que nada será como antes. A condenação por parte da grande Universidade de Al-Azhar do Cairo, o maior centro de cultura islâmica do mundo, não foi algo que se esperava, e veio a reforçar a luta das minorias religiosas. Hoje todos estão menos tímidos no Oriente Médio", disse.

Papa Francisco

O diálogo defendido – e promovido – pelo Papa Francisco também fez a diferença, defende Pizzaballa. “Não se fala mais em um confronto de civilizações, que era quase um modo para justificar os acontecimentos. Agora se insiste no diálogo, se olha nos olhos qualquer que seja o interlocutor, até mesmo o EI. O estilo do Papa indica uma estrada possível pela qual passa a solução do conflito”.

Cristãos no Oriente Médio

Padre Pizzaballa relata ainda como está a situação dos cristãos no Oriente Médio, e antecipa que o pior ainda está por vir. “A realidade é péssima, mas os cristãos estão mais fortes. Deixaram para trás um tipo de timidez negativa. A perseguição aumentou a coragem. Todavia, acredito que um longo período de instabilidade e de tensões – até mesmo dramáticas  –, está por vir. A minha esperança é que surja uma reação forte entre as populações do Oriente Médio que rechace a mescla venenosa entre fé política e nacionalismo que está destruindo estes países ou aquilo que resta deles”, concluiu.

(FC/RB)








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