Biblioteca Vaticana no resgate da identidade de culturas e nações


Cidade do Vaticano (RV) – Diplomacia vaticana, ecumenismo e nova evangelização passam também pela cultura, sobretudo aquela ligada ao livro. Disto está cada vez mais convencido o Bibliotecário da Santa Romana Igreja e arquivista do Arquivo Secreto do Vaticano, Mons. Jean-Louis Bruguès, veterano de missões importantes em vários países do mundo para ratificar acordos de intenção e de cooperação com várias bibliotecas de Estado, incluindo as da China e Cuba. Por último, destaca-se o Protolo assinado com a Biblioteca Nacional Sérvia que prevê a troca de publicações, conhecimento e competências no campo da coleta, memorização, elaboração e proteção dos livros. Uma oportunidade considerada histórica também para consolidar as relações entre governo sérvio e Santa Sé e entre Igreja Ortodoxa e Católica, minoria no país. A Rádio Vaticano conversou com ele:

“O primeiro motivo: é necessário recordar-se que durante a guerra, Hitler mandou queimar a Biblioteca Nacional, e queimar uma biblioteca é como queimar uma memória, cancelar uma memória. Portanto, o país inteiro havia perdido a memória! Assim, pediram à Biblioteca Vaticana para recuperar alguma coisa, alguns pedaço que nós tínhamos de seu passado, portanto, a identidade do prórpio país. A Igreja local dominante é Ortodoxa, e assim nós tivemos uma relação político-humanística com a Biblioteca Nacional e uma relação ecumênica com o Patriarcado. Isto foi -  na minha opinião – um fato também muito positivo para a pequena Igreja Católica que existe na Sérvia: criamos uma vitrine para a Igreja Católica, dando a esta pequena Igreja mais credibilidade, mais visibilidade”.

RV: A Biblioteca pode jogar um papel primário na partida também diplomática e ecumênica?

“A cultura, pouco a pouco, está desempenhando um papel central na política: não somente a política entre os Estados, mas também na política interna de uma nação. O Papa Bento XVI havia explicado que a nova evangelização passa pela cultura. Esta importante Biblioteca Nacional pediu à nossa Biblioteca Vaticana uma relação de patrocínio. Fizemos isto em Belgrado, mas também na Bulgária e há pouco tempo com alguns países latino-americanos, como Costa Rica, Cuba, Colômbia e Chile. Estes países, com motivos diversos, querem desenvolver uma política cultural na qual a Biblioteca Nacional poderia jogar um papel muito importante. Estes países não têm, porém, uma tradição de cultura da memória, não puderam criar bibliotecas ou arquivos ricos e assim pedem à Biblioteca do Vaticano um patrocínio tal que a Biblioteca do vaticano possa tornar-se para eles uma mãe da cultura”.

Rv: Em relação à China, existe esta grande possibilidade. O senhor pensa que pode ser um modo que para ajudar a “normalizar” as relações entre Santa Sé e China?

“Com a China, ou melhor, com toda a Ásia, é necessário proceder com uma política de pequenos passos, como se diria em francês “des petits pas”. O atual governo chinês soube que a Biblioteca Vaticana possuía 1.200 manuscritos chineses antigos, da última Dinastia. Assim, nos pediram para digitalizar estes manuscritos e quando se apresentaram a mim, coloquei duas condições: a primeira, que eles pagassem o custo da digitalização; a segunda, que organizassem em Pequim uma mostra comum entre a Santa Sé e a China comunista, não obstante a ausência de relações diplomáticas entre os dois países. Me deixaram alguns meses sem resposta e agora me disseram que não somente podem organizar uma mostra em Pequim, mas também nas principais cidades universitárias do país. Isto acontecerá em 2017. Na minha opinião, esta mostra – agora tornaram-se mostras – poderiam constituir uma pequena primeira etapa para um mútuo reconhecimento diplomático”. (JE)

 

 

 








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