Editorial: A noite do mundo


Cidade do Vaticano (RV) – Novamente é Natal! Nestes dias nos sentimos um pouco diferentes. Alguns melhores, outros piores, alguns mais sentimentais, outros indiferentes. Mas certamente o ar que se respira é de algo diferente, não novo, mas diferente. Movidos pela ocasião não são poucos aqueles que chegam até mesmo – o que não fizeram durante o ano inteiro – cumprimentar o irmão, dizem bom-dia, perguntam como você está? É o momento em que, em família, sentimos a ausência daqueles que estão distantes.

Aproximamo-nos do Natal em meio a grandes tristezas e tribulações, mas também grandes esperanças. As tristezas nascem dos conflitos, das perseguições, dos horrores da guerra e do massacre de inocentes. Os eventos recentes da tragédia ocorrida na escola de Peshawar, no Paquistão, onde um comando talibã matou 130 crianças e adolescentes, assim como os atos terroristas cometidos no Iêmen e na Austrália, nos jogaram novamente no drama da violência que abala o mundo. Eventos que mais uma vez obrigaram o Papa Francisco a levantar a sua voz para chamar a atenção desses atos desumanos que ceifam a vida de inocentes e que “não param nem mesmo diante de crianças”.

Em outras partes do mundo os cristãos são perseguidos por causa da fé e diante de suas tribulações eles nos permitem olhar para o Natal com o seu verdadeiro valor: testemunhar a fé em Cristo e até à morte. Eles hoje oferecem seus sofrimentos. Sim porque em muitos países como Iraque, Síria, não poderão festejar como se deve o nascimento de Cristo; não poderão enfeitar suas igrejas, montar o presépio e a árvore, coisa que nós fazemos sem pensar. Vamos então imaginar como esses nossos irmãos viverão a chegada do Príncipe da paz. Certamente nos lugares onde poderão celebrar a missa de Natal repetirão que Cristo é a paz e só d’Ele vem este dom. Dele vem a coragem e a força para enfrentar todo sofrimento. Ele é a esperança de que nesses lugares que são alvos da irracionalidade da guerra e de pensamentos errados, o sol despontará. A noite está passando e a aurora está próxima.

E junto com esta esperança temos também a esperança que brotou de uma grande notícia, histórica, que alegrou o coração do Papa e de milhões de pessoas: a retomada das relações diplomáticas entre Cuba e Estados Unidos, precisamente no dia em que Francisco comemorava seus 78 anos. Passaram-se 55 anos desde a revolução de Fildel Castro. Cuba e Estados Unidos restabeleceram as relações diplomáticas, mas ainda existe um longo caminho a ser percorrido, com o levantamento do embargo.

O Papa Francisco expressou “viva satisfação” pela decisão histórica dos dois governos avançarem rumo à normalização de suas relações diplomáticas. O Pontífice, – através da Secretaria de Estado, - elogiou a reaproximação entre os dois países, "com o objetivo de superar, em nome do interesse de seus respectivos cidadãos, as dificuldades que marcaram suas histórias recentes". Os presidentes estadunidense e cubano, respectivamente, Barack Obama e Raúl Castro agradeceram a Francisco pelo papel desempenhado por ele na promoção do diálogo entre os dois países.

 

“Hoje estamos felizes, porque vimos como dois povos, que estavam há tantos anos distantes fizeram um passo de aproximação” disse Francisco diante de embaixadores de 13 países que apresentaram as suas credenciais junto à Santa Sé.

Falando ainda desta histórica decisão dos dois governos à Rádio Vaticano o Cardeal Secretário de Estado, Pietro Parolin, destacou o esforço de mediação do Vaticano, ao longo destes anos, começando por João XXIII e depois João Paulo II, Bento XVI e, agora, o Papa Francisco.

Como disse Francisco, em várias ocasiões, onde há divergências é preciso aplicar o método do diálogo. Se um diálogo for sincero, levará sempre as pessoas a se encontrar e a colaborar, não obstante as diversidades. “Logo, o Papa convida todos a uma cultura do encontro”.

As Igrejas de Cuba e Estados Unidos expressaram "especial gratidão" ao Papa Francisco como "gestor importante" desse evento. "Agradeçamos ao Senhor, às vésperas do Natal, para que novos horizontes de esperança iluminem a vida do povo cubano, pois as boas relações entre povos tão próximos são o fundamento de um futuro promissor", disseram os cubanos.

“O Papa Francisco fez o que se espera que um Papa faça: construir pontes e promover a paz” disseram os bispos estadunidenses.

Entre a dor e a esperança vivemos a chegada do Natal.

Que este Natal nos abra à esperança do Menino que nasce e nos deixemos surpreender pela Sua mensagem de paz, cancelando toda dor produzida pelo homem. Natal - como disse nos dias passados Francisco - não é somente uma data, uma ocasião bonita é muito mais… é um encontro com o coração, com a vida, com o Senhor vivo, com a fé. Mas, mais importante do que encontrarmos Jesus é deixar-nos encontrar por Ele: “Quando é Ele que entra em nós, é Ele que refaz tudo”. Ele refaz nosso coração, alma, vida, nossas esperanças… por vamos deixar o nosso coração aberto!.

Na noite do mundo, deixemo-nos então surpreender e iluminar pelo ato de Deus, que é totalmente inesperado: Deus se faz Menino. Em nome da Redação do Programa Brasileiro desejamos um Feliz Natal a todos os amigos que acompanham a Rádio Vaticano, a Rádio do Papa. (Silvonei José)








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