Card. Turkson levará solidariedade do Papa aos países atingidos pelo Ebola


Cidade do Vaticano (RV) – “Curar as pessoas e não somente os corpos”. É a mensagem que o Presidente do Pontifício Conselho da Justiça e da Paz, Cardeal Peter Turkson, levará a Serra Leoa e à Libéria, os dois países africanos mais atingidos – junto à Guiné – pela epidemia de Ebola, que até agora provocou a morte de mais de 6.500 pessoas e contagiou mais de 18 mil. O purpurado, portador da solidariedade do Papa e de toda a Igreja, chegará a Freetown, capital de Serra Leoa, nesta terça-feira (16/12),  acompanhado por Mons. Robert J. Vitillo, consultor especial para a saúde da Caritas Internationalis.

O Cardeal Turkson,  às vésperas de sua viagem, disse estar convencido de que “o impacto desta epidemia vai bem além do setor sanitário”. Ele evidenciou  o caos em que se precipitou a já frágil economia de Serra Leoa e as necessidades materias e espirituais das pessoas atingidas,  além da necessidade em se apoiar também os agentes humanitários e os sacerdotes comprometidos. Entre estes, está o Padre Maurizio Boa, Josefino de Murialdo, há 20 anos missionário em Freetown, onde trabalha junto a outros quatro sacerdotes na assistência à jovens deficientes e órfãos, acolhidos na “Murialdo Home”, de Kissi, periferia da capital:

Padre Maurizio Boa: “A situação é um pouco estranha, porque as cifras que o governo apresenta, mostram uma diminuição, mas o próprio governo decretou uma meia-quarentena para toda a Nação, proibindo as celebrações de Natal e de Ano Novo. Portanto, será um Natal silencioso: ir à Igreja e voltar para casa. Nada de festa pelas ruas, nada de preparações com vigílias noturnas como se costumava fazer, com cantos, danças, orações. Nada, nada de tudo isto. Isto quer dizer que ainda existe medo de contágio. E, de fato, existe. O ruído das sirenes nos fala ainda de morte, nos fala ainda de problemas presentes em Serra Leoa. Mesmo porque chegamos aos triste primado de ser o país mais atingido pelo Ebola, neste período. Mas, certo, agora a situação está melhor: o contágio está circunscrito. Se está enfrentando o Ebola de igual para igual, se se poderia assim dizer: com médicos preparados, com pessoas preparadas e também bem disposta a trabalhar nos Centros hospitalares. Dez médicos de Serra Leoa morreram. É um grande sacrifício. São mártires e heróis, porque expuseram as suas vidas pelo bem dos irmãos”.

RV: As ajudas, portanto, estão chegando, mas conseguem ser distribuídas? Porque sabemos que que devido à epidemia, Serra Leoa está enfrentando gravíssimos problemas econômicos...

Padre Maurizio Boa: “Houve escândalos de corrupção, mas existem por tudo e não me maravilho disto, não me maravilho” Os problemas são dois, e mesmo após o Ebola serão estes a serem enfrentados: os órfãos, que são numerosíssimos, e às vezes não têm quem os assista, quem cuide deles. Nós, no campo de Waterloo, como Igreja católica, estamos muito presentes neste âmbito. Depois, existem as viúvas com crianças. Ajudas, estão chegando, sobretudo de caráter médico. Novos Centros foram abertos e agora não existe mais ninguém que morre pelas ruas ou que espera um leito enquanto está doente: não, não, estas coisas não acontecem mais. Ninguém morre em casa ou se morre em casa é logo levado embora. Portanto, as ajudas existem, de caráter humanitário e de pessoal qualificado. Se vê que existe muita atenção”.

RV: O senhor dizia que este será um Natal no silêncio. Será importante para a Serra Leoa sentir também a solidariedade...

Padre Maurício Boa: “Já a sentimos! Certamente posso dizer que a oração moveu tantos, tantíssimos corações; nunca eu poderia ter imaginado a solidariedade que me acompanhou neste período. Acredito que o mundo nos esteja olhando e que também esteja sofrendo conosco, neste momento. O Natal é uma festa de alegria, de graça e me regozijo justamente que possa trazer, também para nós, este vento de otimismo que nos permitirá em breve poder declarar Serra Leoa “Ebola-free”, mesmo se Emergency fala de seis meses”. (JE)








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