Patriarca Younan: verdadeira hecatombe no Oriente Médio


Cidade do Vaticano (RV) – Sobre o encontro com o Papa nesta sexta-feira, (12) e a situação da comunidade cristã no Oriente Médio, a Rádio Vaticano ouviu o Patriarca de Antioquia dos Sírios Ignace Youssif III Younan:

R. - Estamos realmente emocionados por este encontro. É a primeira vez que a nossa pequena Igreja pôde reunir cerca de 400 pessoas entre fiéis, religiosas, religiosos, sacerdotes, bispos e patriarcas. Portanto, para nós foi um acontecimento histórico, no âmbito da nossa visita "ad limina Apostolorum". Tenho certeza de que correu muito bem: o Santo Padre, com a sua espontaneidade paterna, conquistou os corações de toda a comunidade.

P. - O Papa falou da desumanidade que atinge suas comunidades: qual é a situação que vocês estão vivendo?
R. - Estamos vivendo uma situação alarmante: é quase uma hecatombe que caiu sobre nós. Nossa Igreja - que ao longo da história já conheceu períodos de perseguição, de desenraizamento como em 1915, do qual no próximo ano vamos comemorar o centenário - desta vez, está enfrentando uma situação brutal, terrível, porque no século XXI há o desenraizamento de toda uma comunidade de Mosul e da Planície de Nínive: bispos, sacerdotes, religiosos, religiosas, dezenas de milhares de fiéis, muitos dos quais agora estão sem um teto sob o qual viver com dignidade. Humanamente falando, é uma catástrofe que estamos vivendo diante da indiferença e do silêncio da comunidade internacional.

P. - O que os senhores pedem à comunidade internacional?

R. - Nós sempre dissemos: que os cristãos do Oriente Médio não sejam pessoas imigradas nestes países; são os países dos nossos antepassados. Permanecemos fiéis ao Evangelho, a Cristo, e por isso estamos sendo perseguidos. Por outro lado, fomos expulsos de nossas terras, do Iraque, não porque tínhamos armas, ou porque tentamos derrubar governos, ou porque tínhamos inimigos aqui e ali; nós fomos expulsos porque somos cristãos. E esses grupos de fanáticos, chamados jihadistas, Dabiq, EI, al Qaeda, al Nusra, realmente devem ser eliminados, porque eles não reconhecem aos outros e não estão dispostos a qualquer diálogo. Portanto, é uma política hipócrita dos poderosos deste mundo, por causa - como bem sabemos - do petróleo, das riquezas desta área e também de outros projetos que eles almejam realizar. Nós estamos dizendo isso, como o Papa disse e está dizendo. Devemos dizer a esses Estados que têm a maioria dos cidadãos muçulmana, que devem reconhecer os outros; e as autoridades políticas e religiosas devem dizer isso. E já começaram a fazê-lo, tal como aconteceu com o encontro na Universidade de al-Azhar, no Cairo, na semana passada. As autoridades islâmicas estão reconhecendo que esses grupos devem ser condenados porque - como se diz - não representam o Islã. Bem, eles vão ter que tomar todas as medidas para evitar que pessoas inocentes continuem sendo perseguidas. (SP)








All the contents on this site are copyrighted ©.