Papa na Missa de Guadalupe: "América Latina, continente de esperança"


Cidade do Vaticano (RV) – Neste dia 13 de dezembro, o Papa Francisco completa 45 anos de sacerdócio junto à Companhia de Jesus. De fato, recebeu a ordenação sacerdotal na Argentina em 1969, conforme se lê na sua mensagem no tuíter: “Hoje é o aniversário da minha ordenação sacerdotal. Peço-vos que rezeis por mim e por todos os sacerdotes”. No próximo dia 17, recordamos, o Papa Bergoglio também completa 78 anos de idade.

No âmbito destas duas celebrações, o Papa Francisco presidiu a uma solene Santa Missa, na tarde desta sexta-feira (12), na Basílica Vaticana, por ocasião da Solenidade de Nossa Senhora de Guadalupe, Padroeira da América Latina.

A Eucaristia, concelebrada, entre outros, pelo Cardeal brasileiro, Dom Raimundo Damasceno Assis, arcebispo de Aparecida e presidente da CNBB, foi abrilhantada com cantos da Missa Crioula, composta por Ariel Ramirez e dirigida por seu filho, além de instrumentos típicos do folclore latino-americano.

Com efeito, Ariel Ramirez, há cerca de 50 anos, em 1967, esteve em Roma para apresentar ao Papa Paulo VI a sua obra genial: a Missa Crioula. Na ocasião o Papa o enalteceu, dizendo: “Ariel, além de ser um grande homem, era também um grande místico!”.

Na homilia que pronunciou, em espanhol, na Solenidade da Virgem de Guadalupe, o Papa Francisco partiu do Salmo 66, onde o salmista eleva a Deus uma oração de súplica, de perdão e de benção para os povos e as nações. E explicou:

“São os povos e as nações de nossa Grande Pátria latino-americana que hoje comemoram com gratidão e alegria a festividade de sua “padroeira”, Nossa Senhora de Guadalupe, cuja devoção se estende do Alasca até a Patagônia. Nesta festividade de Nossa Senhora de Guadalupe, faremos grata memória de sua visita e materna companhia; cantaremos com Ela o seu “magnificat”; e lhe confiaremos a vida de nossos povos e a missão continental da Igreja”.

A Virgem, através da aparição ao índio Juan Diego, em Tepeyac, disse o Pontífice, veio abraçar os novos povos americanos, em dramática situação. Foi como “um grande sinal no céu”, que assumiu a simbologia cultural e religiosa dos indígenas, anunciou e doa seu Filho aos novos povos de sofrida mestiçagem:

“A mais perfeita discípula do Senhor se tornou “a grande missionária que levou o Evangelho à nossa América”. O Filho de Maria Santíssima, se revela assim, desde as origens da história dos novos povos, como “o verdadeiro Deus, graças ao qual se vive”, boa nova da dignidade filial de todos os seus habitantes. A Santa Mãe de Deus não apenas visitou estes povos, mas quis permanecer com eles. Deixou impressa misteriosamente a sua imagem sagrada no “manto” de seu mensageiro para que nos recordássemos sempre, tornando-se assim símbolo da aliança de Maria com estes povos, a quem confere alma e ternura”.

Por sua intercessão, afirmou o Bispo de Roma, a fé cristã começou a ser o tesouro mais rico da alma dos povos americanos, cuja pérola preciosa é Jesus Cristo: um patrimônio que se transmite e se manifesta, até hoje, com o Batismo, a uma multidão de pessoas na fé, na esperança e na caridade; na preciosidade da piedade popular e também na ética dos povos, visível na consciência da dignidade da pessoa humana, na paixão pela justiça, na solidariedade com os mais pobres e sofredores, na esperança, por vezes contra toda esperança. E o Papa ponderou:

“Por isso nós, hoje aqui, podemos continuar a louvar Deus pelas maravilhas que atuou na vida dos povos latino-americanos. Deus escondeu estas coisas aos sábios e entendidos e as revelou aos pequenos e simples de coração. Superando os juízos mundanos, destruindo os ídolos do poder, da riqueza, do sucesso a todo custo, denunciando a autossuficiência, a soberba e os messianismos secularizados, que afastam de Deus, o cântico mariano confessa que Deus se compraz em subverter as ideologias e as hierarquias mundanas”.

O canto do “Magnificat”, frisou o Pontífice, nos introduz nas Bem-aventuranças, síntese primordial da mensagem evangélica. À sua luz, nos sentimos impulsionados a pedir que o futuro da América Latina seja forjado pelos pobres e por aqueles que sofrem, pelos humildes, por aqueles que têm fome de justiça, pelos piedosos, pelos puros de coração, por aqueles que trabalham pela paz, pelos perseguidos por causa do nome de Cristo, porque “deles será o reino dos Céus”. E o Papa afirmou:

“Que [a América Latina] tenha a graça de ser forjada por aqueles que, hoje, o sistema idolátrico da cultura do ‘descarte’ relega à categoria de escravos e de objetos, da qual se servir ou simplesmente de rejeitar. Fazemos esta exortação porque a América Latina é o “continente da esperança”; dela se espera novos modelos de desenvolvimento, que conjuguem tradição cristã e progresso civil, justiça e igualdade com reconciliação, desenvolvimento científico e tecnológico com sabedoria humana, sofrimento fecundo com alegria esperançosa”.

É possível tutelar esta esperança, recordou o Santo Padre, somente com grandes doses de verdade e de amor, fundamentos de toda realidade, motores revolucionários de uma autêntica vida nova. Assim, pediu aos presentes para depositar tais realidades e desejos sobre o altar, como dom agradável a Deus.

O Pontífice concluiu sua homilia, implorando a proteção da Santíssima Virgem guadalupana – a minha jovenzinha, a minha pequena, como a chamou San Juan Diego, e com todos os apelativos amorosos com os quais se dirigem a Ela na piedade popular – para que continue a acompanhar, ajudar e proteger os nossos povos e conduzir todos os filhos que peregrinam nessas terras ao encontro de seu Filho, Jesus Cristo. (MT)








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