Amazônia e mudanças climáticas: quem paga são os índios


Cidade do Vaticano (RV) -  Ambientalistas, estudantes, indígenas, trabalhadores do campo, sindicalistas e representantes de movimento sociais estão reunidos desde segunda-feira, 08, até quinta-feira, 11, na Cúpula dos Povos Frente à Mudança Climática, em Lima, no Peru. O encontro ocorre em paralelo à 20ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP20), iniciada no último dia 1º, também na capital peruana, como uma alternativa para ampliar os debates sobre mudanças climáticas, para além das instâncias de governo.


Pelo menos 8 mil pessoas e duzentas organizações sociais de diversos países estão participando do evento, que terá como tema central “Mudemos o sistema, não o clima!”.  


“A Cúpula convoca e reúne todas as organizações civil e movimento sociais (ambientais, sindicais, grêmios, estudantis, indígenas, agrários, de mulheres, etc.) com o objetivo que os negociadores oficiais considerem o clamor e as vozes dos povos e dos cidadãos do mundo”.
Quarta-feira, 10, Dia Internacional dos Direitos Humanos, está prevista a Marcha Mundial em Defesa da Mãe Terra, que ocorrerá concomitantemente em Lima e em outras cidades, para reforçar a diversidade cultural do evento. No último dia, os representantes da Cúpula entregarão um documento com as conclusões do encontro aos representantes da Organização das Nações Unidas (ONU).


A Comissão Política organizadora da Cúpula dos Povos, formada por 13 organizações, defende que as mudanças climáticas incidem mais sobre os países menos industrializados, apesar deles contribuírem menos para o problema. As comunidades indígenas, por exemplo, são muito afetadas devido a relação de estreita proximidade com o meio ambiente. A Amazônia compreende 2.344 territórios indígenas e 610 áreas naturais protegidas, distribuídas em nove países. Riquíssimas do ponto de vista da diversidade biológica, cultural e linguística, são também são consideradas a pedra angular para a conservação amazônica, porque atuam como barreiras sociais e naturais diante do avanço da fronteira agrícola e dos incêndios florestais. Em países como o Brasil, com histórico de altos índices de desmatamento, estas áreas são consideradas elementos centrais das estratégias orientadas a evitar as emissões de dióxido de carbono por desmatamento e degradação florestal.


Um estudo, divulgado no âmbito da Cúpula, revela a existência de enormes quantidades de carbono na rede de territórios indígenas e áreas protegidas de nove países da Amazônia. E aponta ainda que cerca de 20% das florestas da Amazônia se encontram ameaçadas pelo corte legal e ilegal de madeira, pela construção de novas estradas e barragens, pela expansão da agricultura comercial e das indústrias de minérios e de petróleo, pressões que têm se exacerbado em vários países onde os governos não reconhecem ou respeitam os direitos territoriais indígenas.


A CAFOD é a Agência Católica para o Desenvolvimento, uma comunidade da Inglaterra e País de Gales que acompanha de perto, financiando e seguindo, projetos no Brasil, especialmente na Amazônia, e no Paraguai. Jackson Erpen conversou com sua representante Cecilia Iorio. Nesta entrevista, ela explica como nasceu esta Agência e qual a sua linha de ação.
(RBA-CM)
 








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