Rabino Skorka defende 'pena máxima' para quem escraviza


Cidade do Vaticano (RV) – A Declaração Conjunta assinada por líderes religiosos nesta terça-feira (02/12), no Vaticano, contra o tráfico de seres humanos e todas as formas de escravidão morderna, repercutiu em todo o mundo. O Papa Francisco e 11 representantes das maiores religiões do mundo definiram a escravidão como um “delito de lesa humanidade”, pedindo a todos fiéis, pessoas de boa vontade e governantes, para fazerem o possível para erradicar esta "chaga da era moderna". Entre os signatários do histórico documento, encontrava-se o Rabino Abraham Skorka, Reitor do Seminário Rabínico Latino-americano em Buenos Aires e grande amigo do Papa Francisco. Ele foi entrevistado pela Rádio Vaticano:

Rabino Skorka: “Esta assinatura tem uma importância incrível neste momento, porque, infelizmente, como alguém disse aqui muito bem, continuamos a viver uma realidade de escravidão como aquela de dois mil anos atrás. Uma humanidade que atingiu um desenvolvimento tecnológico tão grande, uma humanidade que conseguiu compreender a nível científico tantas coisas, não pode continuar a aceitar, de forma alguma, nenhum tipo de escravidão. Hoje, de fato, temos escravidão a nível de exploração do trabalho, do tráfico de órgãos e tantas outras formas de escravidão sofisticada e que tornam-se sempre mais sofisticadas. Isto deve ser eliminado completamente da realidade humana. Aquilo de hoje (ndr – ontem) foi um ato muito importante: foi um grito que espero tenha um eco muito, muito forte em todas as latitudes, para que sejam tomadas as medidas necessárias e sejam condenadas todas as formas de escravidão como um crime de ‘lesa humanidade’ – não ligado a nenhum outro tipo de crime, como acontece na legislação atual – e que nem mesmo dependa da quantidade de vítimas. Quem é responsável pelo estado de cada pessoa submetida à escravidão pela sua exploração, deve ser punido com o máximo da pena. Devemos viver em um mundo melhor. Deus nos deu uma enorme capacidade intelectual – o vemos nos seus frutos – e esta capacidade intelectual deve ser acompanhada por uma ética, que aparece na Bíblia. Também pelo senso comum, uma ética de respeito do próximo”.

RV: De que forma as religiões podem ser úteis em deter o tráfico?

Rabino Skorka: “As religiões continuam a ser muito ouvidas no mundo, continuam a ser uma voz forte e continuam a ter um impacto e uma influência muito, muito importante em grande parte do mundo. Quando esta reflete valores profundos, quando esta tem uma ética como o Papa Francisco e uma transparência como a que Papa Francisco aplicou na sua vida e que exige da Igreja, então este é um conceito que todas as religiões essencialmente apoiam e sobre os quais se apoiam. Com base em tudo isto, a voz sincera e profunda das religiões pode mudar muitas coisas: o tráfico de pessoas, a exploração, o furto de órgãos e muitos outros comportamentos graves que existem na realidade humana. Se todas as religiões, todos os cultos, todos os homens, por meio de suas peculiares visões da vida, “Weltanschauung”, souberem reunir-se em um diálogo profundo, poderemos fazer muito por nós e para honrar Deus”. (JE)








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