Igrejas abertas e testemunho: a pastoral urbana para Francisco


Cidade do Vaticano (RV) – A experiência como Arcebispo de Buenos Aires inspirou o discurso do Papa Francisco aos participantes do Congresso Internacional de Pastoral das Grandes Cidades. “Mais do que fazer um discurso formal, desejo falar a partir da minha experiência pessoal, de alguém que foi pastor de uma cidade populosa e multicultural como é Buenos Aires”, disse Francisco em audiência, no Vaticano, aos cerca de 25 arcebispos de metrópoles dos cinco continentes, que concluíram na quarta-feira, 26/11, a segunda etapa do Congresso realizado em Barcelona.

Com os bispos de 11 dioceses que compõem a região metropolitana de Buenos Aires, habitada por 13 milhões de pessoas, o então Cardeal Bergoglio identificou quatro desafios para a pastoral urbana.

O primeiro é mudar a mentalidade pastoral: não se trata de uma ‘pastoral relativista’, que perde o horizonte evangélico, mas ter a coragem de fazer uma pastoral evangelizadora audaz e sem temores de anunciar a Boa Nova de Cristo, consciente da pluralidade cultural e religiosa que existe nas grandes cidades.

O segundo é o diálogo com a multiculturalidade, procurando conhecer os imaginários e símbolos que identificam os inúmeros grupos que compõem a metrópole. O terceiro desafio é valorizar a religiosidade popular. “Não tenho dúvidas de que na fé de homens e mulheres humildes há um potencial enorme para a evangelização das áreas urbanas”, disse o Papa.

Por fim, a compartilha do Evangelho com os pobres urbanos. “Na cidade, o futuro dos pobres é mais pobreza”, declarou o Pontífice, recordando que “a Igreja não pode ignorar seu grito nem entrar no jogo dos sistemas injustos, mesquinhos e interesseiros que tentam torná-los invisíveis”.

Diante desses desafios, Francisco apresenta duas propostas, para que a pastoral urbana seja mais do que ação, mas também presença, conteúdo e gestos.

A primeira delas é “sair para encontrar Deus que habita nas cidades e nos pobres”. Isso requer uma verdadeira transformação eclesial, uma mudança de mentalidade: não esperar que os outros venham ao nosso encontro, mas buscá-los, facilitar o encontro com o Senhor.

O Papa continua: “Tornar acessível o sacramento do Batismo. Igrejas abertas. Secretarias com horários para as pessoas que trabalham. Catequeses aptas nos conteúdos e nos horários da cidade”.

A segunda proposta é fazer da Igreja uma Igreja samaritana. “Trata-se de uma mudança no significado do testemunho”, explicou Francisco. “Com o testemunho, podemos incidir nos núcleos mais profundos. O testemunho concreto de misericórdia e ternura nas periferias existenciais e pobres atua diretamente nos imaginários sociais, gerando orientação e sentido para a vida da cidade.”

Na audiência com o Papa, estavam presentes o Arcebispo de São Paulo, Cardeal Odilo Pedro Scherer, e o Arcebispo do Rio de Janeiro, Cardeal Orani João Tempesta.

Também estiveram representadas arquidioceses como Kinshasa, Buenos Aires, Monterrey, Santiago de Chile, Nápoles, Seul, Lisboa, Bordeaux, Zagreb, San Francisco, Madrid, Abuja,  Mumbai, entre outras.

A primeira fase do Congresso se realizou de 20 a 22 de maio passado, com a participação de especialistas em Sociologia, Pastoral e Teologia. A segunda fase, de 24 a 26 de novembro em Barcelona, reuniu arcebispos e cardeais das grandes cidades.

(BF)








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