2014-10-31 15:21:03

Novo Catecismo: A iniciativa de Deus


RealAudioMP3 Cidade do Vaticano (RV) - No nosso espaço dedicado ao Novo Catecismo, vamos falar na edição de hoje sobre a iniciativa de Deus em ir de encontro do homem.

Por uma decisão totalmente livre, Deus se revela e se doa ao homem, nos diz o Catecismo. E o faz, revelando o seu mistério, seu projeto benevolente, que concebeu desde toda a eternidade em Cristo em prol de todos os homens. No programa de hoje, o Padre Gerson Schmidt vai refletir sobre "a iniciativa de Deus":


“Amado ouvinte!

Falamos no último encontro de que o homem deseja Deus, tem dentro de si fome do Eterno, da autêntica Verdade, que é Deus. Recordo a grande declaração de Santo Agostinho, depois de sua conversão:

"Tarde te amei, ó beleza tão antiga e tão nova, tarde te amei! Eis que estavas dentro e eu fora. E ai te procurava e lançava-me nada belo ante a beleza que tu criaste. Estavas comigo e eu não contigo. Seguravam-me longe de ti as coisas que não existiriam, se não existisse em ti. Chamaste, clamaste e rompeste minha surdez, brilhaste, resplandeceste e afugentaste minha cegueira. Exalaste perfume e respirei. Agora anelo por ti. Provei-te, e tenho fome e sede. Tocaste-me e ardi por tua paz” 1.

Que tremenda conclusão chega esse homem que se converte só quando adulto, depois de sua mãe rezar muito por ele. Todo o homem tem o anseio de Deus e O procura. O número 30 do CIC aponta assim:

Se o homem pode esquecer ou rejeitar a Deus, este, de sua parte, não cessa de chamar todo homem a procurá-lo, para que viva e encontre a felicidade. Mas esta busca exige do homem todo o esforço de sua inteligência, a retidão de sua vontade,"um coração reto", e também o testemunho dos outros, que o ensinam a procurar a Deus .

O homem enfrenta muitas dificuldades para conhecer a Deus apenas com a luz de sua razão. Esta busca de Deus com um coração reto, com a retidão da vontade, não é um caminho simples e fácil 2. Pio XII, na encíclica Humani Generis, já apontava essa tarefa difícil de buscar a Deus somente com a razão e com os esforços humanos. A frase que lemos é do número 37 do CIC:

Pois, embora a razão humana, absolutamente falando, possa chegar com suas forças e lume naturais ao conhecimento verdadeiro e certo de um Deus pessoal, que governa e protege o mundo com sua Providência, bem como chegar ao conhecimento da lei natural impressa pelo Criador em nossas almas, de fato, muitos são os obstáculos que impedem a mesma razão de usar eficazmente e com resultado desta sua capacidade natural 3.

Mas, de fato, embora o homem tende a Deus, está inclinado para a Eternidade, e consiga com esforço chegar a Deus pela sua razão, a iniciativa do amor é sempre divina. Segundo o catecismo, Deus quis revelar-se ao homem e dar-lhe a graça de poder acolher esta revelação de fé 4. As faculdades do homem o tomam capaz de conhecer a existência de um Deus pessoal 5. Mas Deus não quis deixar o homem a mercê de suas angústias, anseios e tristezas. Vem ao encontro do homem, título do capítulo II do CIC, da primeira parte que fala sobre o Credo.

O número 50 do catecismo parece ser extremamente esclarecedor, ao amigo ouvinte que se pergunta: Afinal, podemos humanamente chegar a Deus ou não? Diz o texto:

Mediante a razão natural, o homem pode conhecer a Deus com certeza a partir de suas obras. Mas existe outra ordem de conhecimento que O homem de modo algum pode atingir por suas próprias forças, a da Revelação divina. Por uma decisão totalmente livre, Deus se revela e se doa ao homem. Fá-lo revelando seu mistério, seu projeto benevolente, que concebeu desde toda a eternidade em Cristo em prol de todos os homens. Revela plenamente seu projeto enviando seu Filho bem-amado, nosso Senhor Jesus Cristo, e o Espírito Santo .

Aqui chegamos a um ponto fundamental. A iniciativa divina de se revelar ao homem por completo, por meio de seu filho Jesus. Deus é tão amoroso que transbordou o seu amor para comigo, se fazendo gente como a gente, carne de nossa carne, para que cada um de nós, capaz de Deus, tivesse a graça do alto para conhecer e amar o que até então era desconhecido.

A paz e a benção, amado irmão”.

1Dos livros das Confissões, de Santo Agostinho, bispo de Hipona. Lib. 10,27: CSEL 33,157-163.255 -Séc. V.
3 O abade São Columbano, no século VII, diz assim: “Se por doutas investigações procurares o inefável, irá mais longe de ti do que estavas; se, pela fé, a sabedoria estará em tua parte, onde se encontra”.
4 Pio XII, encíclica Humani Generis: DS 3875, in: CIC, 37.
2 CIC,35.
5 Ibidem.












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