João Paulo II, o Papa que rezava diariamente pelos funcionários do Vaticano
Cidade do Vaticano (RV) – João Paulo II era um místico que acreditava na força
da sua oração. Assim, o vaticanista polonês Wlodzimierz Redzioch descreve Karol Wojtyla
de quem foi colaborador por muito tempo. Em ocasião da primeira Festa de São João
Paulo II, na semana passada, em 22 de outubro, Redzioch salientou a dimensão da oração
em Papa Wojtyla.
Redzioch – “Não se pode compreender João Paulo II
sem falar da oração, sem falar dele como um místico, porque João Paulo II tinha uma
relação mística com o Senhor. As primeiras vezes que eu ia à capela privada para a
Missa e via o Papa no genuflexório, era uma coisa que me agitava: ele rezava com todo
o corpo, com expressões faciais; às vezes levantava a cabeça para o alto, como se
visse alguém, como se conversasse com alguém. Sobre o genuflexório, ele tinha um maço
de notas: eram os pedidos das pessoas, que solicitavam as coisas concretas... O papa
não rezava em modo abstrato, mas para coisas concretas, pedidos das pessoas. Uma vez,
um colaborador dele encontrou uma página dupla da edição polonesa do ‘L’Osservatore
Romano’ com a gráfica da Cúria e com todos os nomes dos colaboradores da Cúria, e
questionou o Papa para que servia, pensando que o Papa estudasse o organograma vaticano.
O Papa disse candidamente: “Mas eu, todos os dias, rezo por cada um de vocês!”
Rádio
Vaticano – Há um aspecto da sua santidade que gostaria de ressaltar?
Redzioch
– O primeiro, a sua pobreza. Por toda a vida, a família de Wojtyla foi pobre,
inclusive quando jovem, quando Wojtyla se tornou sacerdote, ele não tinha nada. A
coisa mais importante é que ele não valorizava as coisas materiais. Quando estava
nos Palácios de Cracóvia, da Cúria ou do Pontifício, ele usava coisas, mas de pessoa
não tinha nada... Um outro aspecto é o misticismo de Karol Wojtyla: é muito difícil
falar da vida mística, porque são coisas tão profundas, tão íntimas. Eu pensei que
seria possível aproximar Wojtyla místico através da poesia dele. E porque propriamente
através da poesia dele? Porque qualquer outro escrito – os documentos, as Encíclicas,
as homelias e qualquer outro escrito – foi direcionado a alguém. Wojtyla também era
um poeta e as poesias ele as escreveu para si mesmo: a poesia é um desabafo da alma.
Se quisermos entender Karol Wojtyla místico, deveríamos ler e reler as poesias dele.”
(AC)