A Semana do Papa – uma síntese das principais atividades de 13 a 19 de outubro
Dia 13 Abrir-se
às surpresas de Deus, sem se fechar aos sinais dos tempos – foi o que pediu o Papa
Francisco na missa de dia 13 de outubro em Santa Marta:
Comentando as palavras
de Jesus aos doutores da lei, o Papa exortou os fiéis a não permanecerem apegados
às próprias ideias mas a caminharem com o Senhor, encontrando sempre coisas novas…
“Porque estes doutores da lei não percebiam os sinais dos tempos e pediam
um sinal extraordinário…E por que é que não percebiam? Antes de mais, porque estavam
fechados. Fechados no seu sistema, tinham sistematizado muito bem a lei, uma obra
prima. Todos os judeus sabiam o que que se podia fazer e o que não se podia fazer,
até onde se podia ir. Tudo bem arrumado. E assim estavam seguros.”
“Em
segundo lugar, tinham esquecido que eram um povo a caminho. Em caminho. E quando se
caminha, quando uma pessoa vai pelo caminho, sempre encontra coisas novas, que não
conhecia. “
“Isto deve fazer-nos pensar: estou apegado às minhas
coisas, às minhas ideias, fechado. Ou estou aberto ao Deus das surpresas? Sou uma
pessoa fechada, ou uma pessoa que caminha? Creio em Jesus Cristo? … Sou capaz de captar
os sinais dos tempos e ser fiel à voz do Senhor que neles se manifesta? Podemos fazer-nos
hoje estas perguntas e pedir ao Senhor um coração que ame a lei, porque a Lei é de
Deus. E que ame também as surpresas de Deus, sabendo que esta lei santa não é finalizada
a si mesma.”
Dia 14 Na missa de dia 14 de outubro terça-feira,
em Santa Marta, o Papa Francisco deixou esta mensagem muito concreta: não a uma vida
de aparências, a uma espiritualidade de cosmética, porque o que conta é a caridade.
O Santo Padre recorda que Jesus condena aquela atitude do fariseu que se considera
justo apenas porque cumpre pontualmente os rituais: “Jesus condena esta espiritualidade
de cosmética, parecer bons, belos, mas a verdade de dentro é outra coisa! Jesus condena
as pessoas de boas maneiras mas de maus hábitos, aqueles hábitos que não se veem mas
que se fazem às escondidas. Mas a aparência é certa: esta gente que gostava de passear
nas praças, mostrar que rezavam, maquilhar-se com um pouco de debilidade quando jejuavam…
Porquê, o Senhor é assim? Vede que são dois os adjetivos que usa aqui, mas que estão
ligados: avidez e maldade.” A lei sozinha não salva e o que vale é a fé
que faz obra na caridade – afirmou o Santo Padre: “Aquilo que vale é a fé.
Qual fé? Aquela que se faz obra por meio da caridade.”
Dia 15 Quarta-feira,
dia 15 de outubro, tempo cinzento em Roma, mas grande alegria na Praça de S. Pedro
para a audiência geral com o Papa Francisco. Tema da catequese: A Igreja noiva espera
o seu noivo. Logo no início o Santo Padre colocou algumas questões?
“...hoje
podemos perguntar-nos: no final, o que será do povo de Deus? O que será de cada um
de nós? O que podemos esperar? O apóstolo Paulo motivava os cristãos da comunidade
de Tessalónica que se colocavam estas questões e concluía: “E assim para sempre seremos
com o Senhor!”
O Papa Francisco quis de imediato envolver toda
a multidão presente nesta audiência perguntando-lhes: Acreditais nisto? Então vamos
todos repetir: “E assim para sempre seremos com o Senhor”
A
Igreja tem, assim, uma missão muito importante para com toda a humanidade:
“
A Igreja tem, então, o dever de manter acesa e bem visível a lâmpada da esperança,
para que possa continuar a resplandecer como sinal seguro de salvação e possa iluminar
a toda a humanidade o caminho que leva ao encontro com o rosto misericordioso de Deus.”
Dia
17 Através do Espírito Santo, Deus deu aos cristãos o céu como “antecipação” da
eternidade. Mas este dom, às vezes, é deixado de lado por uma vida “opaca” e hipócrita.
Assim se expressou o Papa Francisco na manhã de sexta-feira dia 17, na celebração
da Missa na Capela da Casa Santa Marta
“É o cristão morno. Sim
vai à Missa ao domingo, mas na sua vida não se vê a identidade. Vive inclusive como
um pagão, não obstante seja cristão. São mornos. Fazem com que a nossa identidade
se torne opaca. Outro pecado é aquele do qual falava Jesus aos discípulos e que ouvimos:
‘Acautelai-vos do fermento dos fariseus, isto é, da hipocrisia’. Fazer de conta: eu
faço de conta que sou cristão, mas não sou. Não sou transparente; digo uma coisa,
mas faço outra.”
Dia 18 Foi apresentada neste sábado, em
conferência de imprensa, o Relatório final da assembleia extraordinária do Sínodo
dos Bispos, que debateu os temas da família, o qual sublinha a “verdade” da indissolubilidade
do casamento, recusando outros tipos de união. O documento, publicado pela sala de
imprensa da Santa Sé, refere que o único “vínculo nupcial” na Igreja Católica é o
sacramento do Matrimónio e que “qualquer rutura do mesmo é contra a vontade de Deus”. O
Sínodo assume a necessidade de “discernir os caminhos para renovar a Igreja e a sociedade
no seu compromisso pela família fundada sobre o matrimónio”, “união indissolúvel entre
o homem e a mulher”. Os participantes sustentam que “os grandes valores do matrimónio
e da família cristã” são a resposta aos anseios da existência humana face ao “individualismo”
e “hedonismo”. O documento sintetiza as duas semanas de debate, com intervenções em
sessões gerais e discussões em grupos linguísticos em que se discutiu muito a relação
entre doutrina e misericórdia. Jesus, “colocou em prática a doutrina ensinada,
manifestando assim o verdadeiro significado da misericórdia”, pode ler-se, antes de
se referir que "a maior misericórdia é dizer a verdade com amor". A reflexão sobre
casamentos civis, divorciados e recasados na Igreja deixa uma mensagem de “amor” para
com a “pessoa pecadora” e diz que esta participa “de forma incompleta” na vida eclesial.
“Trata-se de acolher e acompanhar estas pessoas com paciência e delicadeza”, pode
ler-se. O documento retoma as observações sobre a necessidade de fazer “escolhas pastorais
corajosas” na ação da Igreja junto das “famílias feridas”, em particular junto de
quem “viveu injustamente” a separação e o divórcio.
Com a aprovação e publicação
do Relatório final, concluíram-se, ontem sábado ao fim da tarde, a assembleia extraordinária
do Sínodo dos Bispos sobre a família. Foi o Papa Francisco a encerrar os trabalhos
com um discurso em que alertou contra atitudes de rigorismo ou de facilitismo na ação
da Igreja. A Igreja tem as portas escancaradas para receber os necessitados, os
arrependidos e não só os justos ou os que pensam que são perfeitos. A Igreja não se
envergonha do irmão caído e não finge que não o vê, pelo contrário, sente-se levada
e quase obrigada a levantá-lo de novo. Nesta sua único intervenção no Sínodo (após
a breve saudação inicial), o Papa referiu as “tentações” que insidiavam os Padres
Sinodais, a começar pela da “rigidez hostil”, ou seja, de quem se quis “fechar no
que está escrito, na letra” em vez de se deixar “surpreender por Deus”. Desde o
tempo de Jesus, é a tentação dos zelosos, dos escrupulosos, dos cuidadosos e dos hoje
chamados tradicionalistas e também dos intelectualistas. O Papa advertiu também
para a “tentação do facilitismo [buonismo, em italiano] destrutivo, quem em nome de
uma misericórdia enganadora enfaixa as feridas sem primeira as curar e medicar”. “É
a tentação dos facilitistas, dos medrosos e também dos chamados progressistas e liberais”,
realçou. Papa Francisco pediu que a Igreja não transforme “o pão em pedra”, para
a atirar contra “os pecadores, fracos e doentes” e alertou para a “tentação de descer
de cruz, para contentar as pessoas” em vez de purificar o “espírito mundano”. O
debate, assegurou o Papa, decorreu “sem colocar nunca em discussão as verdades fundamentais”
do sacramento do Matrimónio: indissolubilidade, unidade, fidelidade e abertura à vida. O
dever de cada bispo, como “pastor” – sublinhou o Papa, dirigindo-se aos Padres sinodais
- é o “alimentar o rebanho que o Senhor lhe confiou” acolhendo e indo ao encontro
das ovelhas perdidas “com paternidade e misericórdia, sem falsos medos”. E concluiu
convidando os Bispos e todos os membros da Igreja universal a prosseguirem o trabalho
de discernimento sobre as temáticas abordadas, amadurecendo as decisões que possam
vir a ser tomadas na assembleia sinodal de outubro de 2015. “Caros irmãos
e irmãs, agora temos ainda um ano para amadurecer, com verdadeiro discernimento espiritual,
as ideias propostas e encontrar soluções concretas para tantas dificuldades e incontáveis
desafios que as famílias têm de enfrentar. “
Dia 19
Com um
tempo esplêndido e uma praça de São Pedro repleta de fiéis, Papa Francisco preside
nesta manhã a Missa, concelebrada com os Padres Sinodais e elevado número de sacerdotes,
na conclusão da assembleia extraordinária do Sínodo dos Bispos sobre a família, procedendo
à beatificação do Papa Paulo VI. A celebração é transmitida em direto neste mesmo
site.
Na homilia da missa de beatificação, “a respeito deste grande Papa,
deste cristão corajoso, deste apóstolo incansável”, Papa Francisco fez questão de
dizer sobretudo “uma palavra tão simples como sincera e importante”:
Obrigado,
nosso querido e amado Papa Paulo VI! Obrigado pelo teu humilde e profético testemunho
de amor a Cristo e à sua Igreja!
E com a homilia do Papa Francisco
neste domingo na missa de beatificação do Papa Paulo VI terminamos esta síntese das
principais atividades do Santo Padre que foram notícia de 13 a 19 de outubro. Esta
rubrica regressa na próxima semana sempre aqui na RV em língua portuguesa. (RS)