Santo Padre pede medidas rápidas para a eliminação de armas químicas e nucleares
O Papa Francisco pede a “rápida adoção de medidas que levem à eliminação das armas
de destruição de massa”, a começar pelas armas nucleares e químicas. Foi o que afirmou
o Observador Permanente da Santa Sé junto à ONU, D. Bernardito Auza (foto), pronunciando-se
na sede da Organização, em Nova Iorque. O prelado denuncia, em particular, a falta
de progressos em relação ao desarmamento nuclear: “A incapacidade dos Estados que
possuem armas nucleares em iniciar negociações para ulteriores reduções dos seus arsenais
existentes é preocupante, mas a ‘modernização’ de alguns sistemas existentes e o aumento
dos arsenais são ainda mais preocupantes”. O Tratado de Não-proliferação de Armas
Nucleares (TNP), “tão importante para a nossa segurança” – sublinhou –, não produziu
até agora os resultados esperados: “A promessa central do Tratado de que os Estados
que possuem armas nucleares se desarmem gradualmente em troca de que os Estados não-dotados
de armas nucleares renunciem em procurar adquiri-las, permanece num impasse”.
“A
Santa Sé – afirmou D. Auza – continua a acreditar que uma política de dissuasão nuclear
permanente coloca em risco o processo de desarmamento nuclear e a não-proliferação”.
É necessário, portanto, “ir além da dissuasão nuclear e trabalhar por uma paz duradoura
fundada na confiança recíproca, antes que sobre um estado de pura não beligerância
fundada numa lógica de recíproca destruição”. A este propósito, a Santa Sé exorta
todos os Estados a assinar e/ou ratificar o tratado de erradicação dos testes nucleares
“sem novos adiamentos, pois é um elemento fundamental do desarmamento nuclear internacional
e da não-proliferação”. Defende, além disto, que “a instituição de zonas livres de
armas de destruição de massa seria um grande passo na justa direção, pois demonstraria
que podemos realmente andar em direção a um acordo universal para eliminar todas as
armas nucleares de destruição em massa”. D. Auza, citando o Papa Francisco, convidou
para que não se negligencie “o grande objetivo de um mundo menos dependente do uso
da força”. “A Santa Sé congratula-se pelos progressos obtidos, mesmo que modestos,
no setor das armas convencionais, como aqueles ligados com a implementação da Convenção
de Ottawa e da Convenção Cluster sobre munições. Mas permanece profundamente preocupada
de que o fluxo de armas convencionais continue a exacerbar os conflitos em todo o
mundo”. O prelado adverte ainda para que “não esqueçamos de que a avidez pelo
dinheiro alimenta o comércio das armas e que o comércio das armas alimenta os conflitos
que provocam incontáveis sofrimentos e violações dos direitos humanos. Enquanto esta
grande quantidade de armas estiver em circulação, novos pretextos poderão ser sempre
encontrados para o início das hostilidades, e o fácil acesso às armas facilitará a
perpetração da violência contra populações inocentes”. Que a imagem proverbial
da gota de água que pacientemente escava a rocha mais dura – conclui D. Bernardito
Auza – nos inspire a seguir em frente no meio da lentidão dos progressos e às paragens
no processo. (RS/JE)