Paulo VI realizou primeiro rito de canonização de santos africanos
Cidade do Vaticano (RV) - No próximo dia 18 de outubro - um dia antes da beatificação
de Paulo VI -, recorda-se o 50° aniversário de canonização de 22 mártires ugandenses
por parte do Papa Montini. Uma celebração importante para a Igreja e para a Igreja
na África, pois é o primeiro rito de canonização de santos africanos.
Os santos
ugandenses eram servidores do Rei Mwanga I (1884-1903), de Buganda (atual Uganda).
Convertidos ao cristianismo por obra dos Padres Brancos (Missionários da África),
foram condenados à morte por ódio à fé.
Foi o Papa Bento XV a dar início ao
processo de beatificação, citando-os no documento In Africam quisnam, escrito
em 6 de junho de 1920. Mas foi o Papa Paulo VI, que canonizou os 22 mártires, em 18
de outubro de 1964. Na homilia da Missa, o Pontífice afirmou que "a tragédia que os
consumiu é de tal forma surpreendente e expressiva, que oferece elementos representativos
suficientes para a formação moral de um povo novo, para a fundação de uma nova tradição
espiritual, para simbolizar e para promover a passagem de uma civilização primitiva
- não privada de ótimos valores humanos, mas contaminada e enferma e quase escrava
de si mesma -, para uma civilização aberta às expressões superiores do espírito e
às formas superiores da socialidade". Quando de sua viagem ao continente africano
em 1969, Paulo VI dedicou aos mártires a memória do Santuário de Namugongo, ereto
no local do martírio de Carlo Lwanga, o mais célebre do grupo.
Os Missionários
da África, fundados pelo Arcebispo de Argel, Charles Lavigerie, são os personagens
mais importantes no processo de difusão da mensagem cristã no continente africano,
onde também lutaram contra a escravidão. De fato, Dom Charles Lavigerie, foi incumbido
pelo Papa Leão XIII, em 1888, para guiar uma campanha que defendesse a liberdade e
a dignidade de todos os seres humanos. A sua obra de evangelização no "continente
negro" não limitou-se a convidar os cristãos europeus a tomar parte nesta mobilização,
mas sim, convidar as pessoas de todas as comunidades para tomar parte neste esforço,
o que contribuiu consideravelmente para obter dos governos europeus a eliminação da
escravidão na África. (JE)