Sínodo: ouvidas as delegações fraternas; D. Martin: diálogo e nova linguagem com as
famílias
Nestes últimos
dias da primeira semana do Sínodo sobre os desafios pastorais da família, foi muito
importante e significativa a participação de sete delegações fraternas de diferentes
confissões cristãs na tarde de sexta-feira. A intervenção da oitava delegação, que
será feita por Sua Eminência Hilarion, Presidente do Departamento para as Relações
Externas do Patriarcado de Moscovo, será pronunciada nos próximos dias.
No
conjunto das comunicações das sete delegações foi sublinhado como os desafios e as
esperanças que atingem o núcleo familiar são comuns a todos os cristãos: crise económica,
intrusão dos mass media na família, as guerras, as migrações, a globalização.
Elementos
comuns nas intervenções das delegações fraternas foram a necessidade de uma adequada
preparação para o matrimónio e de uma reflexão adequada sobre as núpcias entre crentes
e não crentes. No que diz respeito aos divorciados recasados foi dito que, muitas
vezes, o seu acolhimento na Igreja pode dar nova esperança. A misericórdia e a compaixão
para com as situações difíceis são necessárias para que as igrejas possam ajudar os
que sofrem.
Entretanto, D. Diarmuid Martin, arcebispo de Dublin, esteve presente
no briefing de imprensa deste sábado. Tendo sido testemunha do Sínodo de 1980, que
também foi dedicado à família, D. Martin considerou existir uma analogia entre os
dois pontífices João Paulo II e Francisco:
“É interessante que o tema da
família tenha sido o tema escolhido por João Paulo II para o seu primeiro Sínodo.
Eu penso que isto tenha também origem no facto de que eram ambos bispos diocesanos,
um ano antes dos respetivos Sínodos e que viam a centralidade da família para o desenvolvimento
da Igreja e para a estabilidade da sociedade. Viam também os desafios que a família,
como instituição e as famílias deviam enfrentar na cultura daquele momento.”
“
Aquilo que me toca desta vez é de ouvir problemáticas que antes eram evidenciadas
somente nos países europeus ou ocidentais. Hoje, ao contrário, as mesmas “invasões”
de uma cultura diferente registam-se na América Latina e em África.”
Sublinhando
o clima cordial que se respira na Sala do Sínodo, o arcebispo de Dublin evidenciou
os aspetos positivos da fé vivida no quotidiano das pessoas:
“Eu encontro
na minha diocese em cada dia pessoas, mesmo as pessoas mais pobres, que vivem em situações
muito difíceis, e que vivem verdadeiramente os valores da fidelidade, da dedicação
aos filhos, mas nunca seriam capazes de exprimir isto nas formulações da nossa teologia:
isto não quer dizer que vivam esta realidade. É preciso ter um novo tipo de diálogo
com as famílias e uma nova linguagem: uma questão tocada por muitos.”
Na
próxima segunda-feira, 13 de outubro, será apresentada a “Relatio post disceptationem”,
ou seja, o “Relatório após a discussão” que resume os trabalhos da primeira semana.
(RS)