2014-10-10 13:36:10

Em 2016: grande e santo Concílio Ecumênico da Igreja Ortodoxa


Istambul (RV) – Teve início, com uma série de iniciativas e encontros, a preparação prévia do grande e santo Concílio Ecumênico da Igreja Ortodoxa, previsto para 2016, “se houver a graça e a vontade divinas”.

Esta foi a deliberação dos chefes de 13 igrejas ortodoxas numa reunião, mantida em Istambul, por iniciativa do Patriarca de Constantinopla, Bartolomeu I, e dedicada a um vasto leque de questões importantes atuais.

A data e o lugar do evento constituem um enorme avanço, pois tal decisão era esperada por mais de 50 anos. Por isso, o próximo santo Concílio será, sem dúvida, um evento de grande porte, disse o Patriarca de Moscou e de toda a Rússia, Kirill:

“A história eclesiástica desconhece eventos do gênero. É extremamente importante que as decisões nesse Concílio sejam tomadas por via consensual, ou seja, por um acordo geral. A via de votação será excluída. Mas um documento aprovado pelos chefes de Igrejas realça que “cada Igreja local terá um voto”. Isto significa que a Igreja Ortodoxa, no seu conjunto, não poderá sustentar dois pontos de vista diferentes. A opinião de Igrejas locais deverá ser formulada de modo a poder expressar os ânimos dos bispos, sacerdotes e do rebanho de Deus. Isso tem sido sobejamente importante para evitar controvérsias e cisões. O Concílio deverá contribuir para uma maior coesão e reconciliação perante um vasto espectro de desafios contemporâneos.”

A realização de um Concílio Ortodoxo tem como objetivo resolver várias questões relacionadas com a situação de diásporas de crentes nos países não ortodoxos, a uniformização de calendário eclesiástico e das regras relativas ao jejum, a atitude da Igreja Ortodoxa para com os fiéis de outras confissões cristãs.

A este respeito, o metropolita Illarion, da Igreja Russa, afirmou: “É evidente que a presidência será assumida pelo Patriarca de Constantinopla, “primeiro entre os iguais”, devendo ele se sentar à mesa no meio dos chefes de outras Igrejas locais. Assim, será posta em prática a doutrina ortodoxa, segundo a qual as Igrejas locais, iguais em direitos, são dirigidas por Patriarcas e Metropolitas iguais em sua dignidade.”
Em resultado da recente reunião em Istambul não foi apenas aprovado um regimento do futuro Concílio. Os chefes de Igrejas adotaram um apelo em defesa de cristãos na Síria e no Oriente Médio. Também foi aprovada uma declaração sobre a crise política na Ucrânia. Segundo ressaltou o Patriarca russo Kirill, este documento contém três elementos importantes:

“Primeiro, é um apelo à paz e à reconciliação. O segundo ponto adverte contra o emprego da força, ou seja, uma ocupação forçada de mosteiros e templos. O terceiro diz respeito aos crentes dissidentes que são convidados a tomar juízo e se reintegrar na Igreja Ortodoxa Russa.” Trata-se, pois, de um princípio canônico visando a unidade eclesiástica na Ucrânia, salientou o Patriarca Kirill.

As datas de convocação de um Concílio Ecumênico das Igrejas Orientais são esperadas há mil anos. Lembrando que o último Concílio de Patriarcas Ortodoxos se realizou em 787 e entrou na histórica como o Segundo Concílio de Niceia.

A primazia eclesiástica também tem sido objeto de discussões. Em dezembro de 2013, o Sínodo da Igreja Ortodoxa Russa adotou um documento segundo o qual nenhuma Igreja poderia assumir ou deter a primazia do poder sobre as outras.

Tal abordagem do problema tem sido disputada por Istambul. Considera-se que o Patriarcado de Constantinopla, após a separação da Igreja Católica Romana, em 1054, sucedeu-a o primeiro lugar da lista hierárquica, podendo e devendo, por essa razão, sugerir ou até impor a sua política às demais Igrejas. Ao que tudo indica, se esta questão não for resolvida nesse encontro de Patriarcas, o Concílio Ecumênico Ortodoxo será novamente adiado. (MT)








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