Em 2016: grande e santo Concílio Ecumênico da Igreja Ortodoxa
Istambul (RV) – Teve início, com uma série de iniciativas e encontros, a preparação
prévia do grande e santo Concílio Ecumênico da Igreja Ortodoxa, previsto para 2016,
“se houver a graça e a vontade divinas”.
Esta foi a deliberação dos chefes
de 13 igrejas ortodoxas numa reunião, mantida em Istambul, por iniciativa do Patriarca
de Constantinopla, Bartolomeu I, e dedicada a um vasto leque de questões importantes
atuais.
A data e o lugar do evento constituem um enorme avanço, pois tal decisão
era esperada por mais de 50 anos. Por isso, o próximo santo Concílio será, sem dúvida,
um evento de grande porte, disse o Patriarca de Moscou e de toda a Rússia, Kirill:
“A
história eclesiástica desconhece eventos do gênero. É extremamente importante que
as decisões nesse Concílio sejam tomadas por via consensual, ou seja, por um acordo
geral. A via de votação será excluída. Mas um documento aprovado pelos chefes de Igrejas
realça que “cada Igreja local terá um voto”. Isto significa que a Igreja Ortodoxa,
no seu conjunto, não poderá sustentar dois pontos de vista diferentes. A opinião de
Igrejas locais deverá ser formulada de modo a poder expressar os ânimos dos bispos,
sacerdotes e do rebanho de Deus. Isso tem sido sobejamente importante para evitar
controvérsias e cisões. O Concílio deverá contribuir para uma maior coesão e reconciliação
perante um vasto espectro de desafios contemporâneos.”
A realização de um Concílio
Ortodoxo tem como objetivo resolver várias questões relacionadas com a situação de
diásporas de crentes nos países não ortodoxos, a uniformização de calendário eclesiástico
e das regras relativas ao jejum, a atitude da Igreja Ortodoxa para com os fiéis de
outras confissões cristãs.
A este respeito, o metropolita Illarion, da Igreja
Russa, afirmou: “É evidente que a presidência será assumida pelo Patriarca de Constantinopla,
“primeiro entre os iguais”, devendo ele se sentar à mesa no meio dos chefes de outras
Igrejas locais. Assim, será posta em prática a doutrina ortodoxa, segundo a qual as
Igrejas locais, iguais em direitos, são dirigidas por Patriarcas e Metropolitas iguais
em sua dignidade.” Em resultado da recente reunião em Istambul não foi apenas aprovado
um regimento do futuro Concílio. Os chefes de Igrejas adotaram um apelo em defesa
de cristãos na Síria e no Oriente Médio. Também foi aprovada uma declaração sobre
a crise política na Ucrânia. Segundo ressaltou o Patriarca russo Kirill, este documento
contém três elementos importantes:
“Primeiro, é um apelo à paz e à reconciliação.
O segundo ponto adverte contra o emprego da força, ou seja, uma ocupação forçada de
mosteiros e templos. O terceiro diz respeito aos crentes dissidentes que são convidados
a tomar juízo e se reintegrar na Igreja Ortodoxa Russa.” Trata-se, pois, de um princípio
canônico visando a unidade eclesiástica na Ucrânia, salientou o Patriarca Kirill.
As
datas de convocação de um Concílio Ecumênico das Igrejas Orientais são esperadas há
mil anos. Lembrando que o último Concílio de Patriarcas Ortodoxos se realizou em 787
e entrou na histórica como o Segundo Concílio de Niceia.
A primazia eclesiástica
também tem sido objeto de discussões. Em dezembro de 2013, o Sínodo da Igreja Ortodoxa
Russa adotou um documento segundo o qual nenhuma Igreja poderia assumir ou deter a
primazia do poder sobre as outras.
Tal abordagem do problema tem sido disputada
por Istambul. Considera-se que o Patriarcado de Constantinopla, após a separação da
Igreja Católica Romana, em 1054, sucedeu-a o primeiro lugar da lista hierárquica,
podendo e devendo, por essa razão, sugerir ou até impor a sua política às demais Igrejas.
Ao que tudo indica, se esta questão não for resolvida nesse encontro de Patriarcas,
o Concílio Ecumênico Ortodoxo será novamente adiado. (MT)