2014-10-09 18:01:21

Patriarca Caldeu fala do Consistório sobre o Oriente Médio, dia 20


Bagdá (RV) – Que a verdade sobre a tragédia que vivem os cristãos no Oriente Médio seja ouvida, e juntos, se possa compreender aquilo que cada um pode fazer em seu país para ajudá-los. Isto foi o que afirmou, em síntese, o Patriarca de Babilônia dos Caldeus, Sua Beatitude Louis I Raphael Sako, sobre o próximo Consistório a ser realizado em 20 de outubro, no Vaticano. Além de tratar de algumas canonizações, já previstas, o encontro será também ocasião para debater a grave crise no Oriente Médio. O Patriarca foi entrevistado em Bagdá pela Oasis:

Dom Sako:Para nós é uma grande oportunidade: um sinal da responsabilidade que a Igreja reconhece ter, responsabilidade de conhecimento e de ação na ajuda a quem sofre. Existe quem diz que esta guerra durará três anos. Alguns falam em dez. O fato é que agora chega o inverno e é necessário ajudar os jovens a irem à escola, apoiar as famílias dos refugiados que ficaram sem casa, sem aquecimento. São 120 mil os refugiados iraquianos. 120 mil pessoas que estão pagando o preço de uma violência sem nenhuma justificativa, perpetrada em nome de Deus em palavras, pois na verdade, é por interesses econômicos”.

P: O seu pedido de intervenção no verão passado surtiu algum efeito. Os Estados Unidos e os aliados estão bombardeando o auto-proclamado Estado Islâmico. Como o senhor vê estas ações?

Dom Sako: “O único caminho de saída é o diálogo, o acordo entre quem exerce o poder, entre vários grupos. É certo que as bombas que vem do céu freiam um pouco o EI, mas também agravam a situação do país porque destroem casas e infra-estruturas, matam civis inocentes. Seria necessária uma intervenção por terra, que nasça de uma colaboração com o governo local, com os curdos. Somente uma coalizão deste tipo pode libertar os povoados dos jihadistas. Além disto, é necessário uma estratégia a longo prazo que destrua a ideologia doentia que guia as ações dos violentos. Este é um perigo em todo o mundo, não só no Oriente Médio. Talvez mais para o Ocidente, que não conhece a linguagem e as modalidades das ações islâmicas. O Estado Islâmico mata tudo aquilo que pensa não se alinhar com a sua idéia de Islã. É fora do tempo”.

P: Mas os Cardeais, o que podem fazer após escutá-los?

Dom Sako: “Já uma tomada de consciência por parte de todos os Cardeais sobre a realidade da tragédia em andamento seria um bom objetivo. Mas tem mais: os Cardeais e todos os participantes poderão, por sua vez, divulgar apelos e exercer uma certa pressão sobre seus governos, para que ajam para ajudar e libertar os cristãos”.

P: Muitos cristãos fogem para o exterior. Seria possível estancar esta hemorragia?

Dom Sako: “Certo, a fuga para o exterior é uma solução, parcial, mas é uma solução. Para o Ocidente é também fácil acolher cem ou mil refugiados. O ponto é como ajudar aqueles que querem permanecer em sua pátria. Todos falam de democracia, de reformas, de mudanças. Mas antes de tudo, é necessária uma educação nova, que desenraize desde os primeiros brotos, a mentalidade do jihadista. Somente assim, com uma nova educação levada em frente pelas famílias muçulmanas sobre as novas gerações, se pode pensar em um futuro para os cristãos aqui. E também em um futuro seguro para vocês no Ocidente. Talvez seja aí que os jihadistas sejam mais perigosos. Porque a islamização radical é o objetivo deles e vocês no Ocidente não os conhecem, não sabem o que pretendem dizer quando falam. É necessária uma nova educação das jovens gerações, que nasce de um constante reconhecimento recíproco, fator indispensável”. (JE)








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