2014-10-08 20:11:46

Beatificação do Papa Montini: criação do Sínodo foi grande mérito seu, diz presidente do Instituto Paulo VI


Cidade do Vaticano (RV) - Faltando poucos dias para a Beatificação de Paulo VI – domingo, 19 de outubro –, multiplicam-se as iniciativas sobre a figura e o Pontificado do Papa Giovanni Battista Montini. Nesse sentido, a Convocação local da Renovação Carismática da região italiana da Lombardia, cujo encontro se realizará no próximo domingo, em Montichiari, província de Brescia – terra natal do Papa Montini –, será dedicada ao futuro Beato. Convidado para o evento, o presidente do Instituto Paulo VI, Pe. Angelo Maffeis, foi entrevistado pela Rádio Vaticano. Ele detém-se, em particular, sobre Paulo VI, o Concílio Vaticano II e a particular sintonia com o Papa Francisco:

Pe. Angelo Maffeis:- "Paulo VI herdou o Concílio Vaticano II que o seu predecessor, João XXIII, havia convocado. Creio que, à distância de 50 anos, se perceba de modo particularmente nítido a complementaridade destas duas personalidades: João XXIII que iniciou o Concílio e Paulo VI que o conduziu ao término. Paulo VI guiou a assembleia conciliar na redação dos documentos, buscou criar as condições para que os padres conciliares se expressassem com absoluta liberdade, mas, ao mesmo tempo, chegassem a concordar, a alcançar uma unanimidade – ao menos moral – sobre os documentos que eram redigidos. Paulo VI interpretou este Concílio como um exame de consciência que devia afinar a consciência da Igreja, da própria identidade, da própria missão e renovar, consequentemente, o modo de propor a mensagem evangélica, as estruturas e os modos de agir da Igreja."

RV: O Papa Montini sempre foi reconhecido como um homem de grande inteligência, de grande cultura. Ao invés, talvez seja menos reconhecida a dimensão da sua espiritualidade, que certamente não é menos importante...

Pe. Angelo Maffeis:- "Sim, porque creio que Montini pertença àquela categoria de pessoas que não revelam imediatamente sua interioridade; há uma espécie de pudor em manifestar aquilo que está no íntimo e no coração. Creio que esta dimensão de Montini tenha se mostrado, sobretudo, após sua morte mediante a publicação de alguns escritos pessoais seus, que também o Instituto Paulo VI de Brescia publicou nestes últimos anos. Aí se vê um Montini mais pessoal, mais íntimo; e se colhe, parece-me, inclusive com clareza, a raiz espiritual que animou sua ação pastoral, seu esforço em compreender o tempo em que viveu e as escolhas que fez."

RV: Como se sabe, a Exortação apostólica Evangelii Nuntiandi é considerada pelo Papa Francisco o documento magisterial mais importante sobre a pastoral escrito até então. Quais outros elementos de contiguidade, de particular sintonia, o senhor encontra entre o Papa Francisco e o Papa Paulo VI?

Pe. Angelo Maffeis:- "Creio que a cerimônia de Beatificação de Paulo VI unida à conclusão da assembléia extraordinária do Sínodo dos Bispos seja uma feliz coincidência. O Sínodo dos Bispos é uma instituição que Paulo VI quis como continuação daquela solidariedade, daquele intercâmbio, daquele cotejamento no seio do corpo episcopal que no Vaticano II encontrara uma sua expressão muito alta, e que devia poder encontrar caminhos para expressar-se também na vida ordinária da Igreja. Na linha da reflexão sobre a missão da Igreja que Paulo VI desenvolveu, um elemento de continuidade que o Papa Francisco recorda com este Pontificado é, certamente, representado pela Exortação apostólica Evangelii Gaudium, que a meu ver une esta consciência do grande tesouro que a Igreja recebeu – e que deve proclamar com absoluta fidelidade – ao dom que lhe foi concedido, e ao mesmo tempo essa sensibilidade diante da situação atual, da cultura, da realidade social em que a Igreja se encontra realizando a sua missão." (RL)







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