Cidade do Vaticano (RV) – Continuam nesta terça-feira, 7, os trabalhos do Sínodo
Extraordinário dedicado ao tema da Família. Na tarde de ontem, com início às 16h30
(hora loca), e na presença do Papa Francisco teve início a 2º Congregação geral, que
se concluiu por voltas das 19h. Com essa Congregação teve início o debate geral que
segue a ordem temática, correspondendo às partes e aos capítulos do “Instrumentum
laboris”. O tema abordado na tarde desta segunda-feira foi O plano de Deus sobre a
família (Parte I, cap. 1) e O conhecimento da Sagrada Escritura e do magistério sobre
o matrimônio e a família (Parte I, cap. 2).
Os trabalhos foram abertos com
uma breve apresentação do Presidente Delegado, Cardeal André Vingt-Trois, Arcebispo
de Paris, que após uma breve introdução dos capítulos a serem analisados, apresentou
o casal Romano e Mavis Mirola, diretores do Conselho Católico Australiano Família
e Matrimônio, que participam como auditores.
O casal australiano apresentou
seu testemunho de vida, como Cristo, a vida familiar, a oração, o relacionamento com
outros casais católicos e com os sacerdotes foram importantes para viver uma espiritualidade
no matrimônio. O casal destacou ainda como sentiu a necessidade de traduzir na linguagem
atual os ensinamentos do magistério da Igreja, em particular a “Humanae Vitae” de
Paulo VI e a “Familiaris Consortio” de João Paulo II.
No seu testemunho o casal
destacou que a família, no “Instrumentum laboris” é apresentada como “a beleza do
amor humano, como reflexo do amor divino como registrado na tradição bíblica e nos
profetas”. Mas na verdade, a vida familiar é cheia de pequenos e grandes dramas, e
citaram alguns exemplos de famílias que conhecem e que ajudam: a de uma mãe solteira
que educa seus filhos e frequenta a igreja, apesar de alvo de algumas rejeições; a
de outra família que aceita um filho homossexual, porque afirmam “ele continua sendo
e é nosso filho”; a de uma viúva que cuida do filho de 44 anos com síndrome de Down
e esquizofrenia, que está preocupada com o filho quando ela morrer... Diante do grande
cenário em que a família se encontra hoje, o casal focalizou o aspecto evidenciado
no “Intrumentum laboris” de como preparar o clero diante dos desafios que a família
enfrenta. A resposta deles é a do Papa Bento XVI: “Isso exige uma mudança de mentalidade,
especialmente em relação aos leigos. Eles já não devem ser visto como "colaboradores"
do clero, mas verdadeiramente reconhecido como "co-responsáveis", para ser e agir
da Igreja".
Ainda na tarde de ontem, tomaram a palavras alguns prelados. O
cardeal hondurenho Oscar Maradiaga lamentou que os jovens atuais sejam educados para
tudo com exceção para o matrimônio e defendeu que esta preparação deveria iniciar
logo após a Crisma. O cardeal Wilfrid Napier, da África do Sul, apresentou como a
Igreja deve agir em relação à família; apontou a figura do bom samaritano, que vai
ao encontro dos feridos da vida familiar e cuida deles. Por fim, o Arcebispo japonês
Takeo Okada lembrou o testemunho dos leigos de seu país que mantiveram a fé a transmitiram
a seus filhos, durante séculos de perseguição, quando o cristianismo era proibido.
(SP)