Port Moresby (RV) – “A família no contexto da Melanésia vive fraquezas e complexidades
particulares” sublinhou o Bispo de Wabag, Dom Arnold Orowae, em encontro em Port Moresby,
antes de sua partida para Roma, onde participa do Sínodo Extraordinário dos Bispos
convocado pelo Papa Francesco sobre a Família, como Presidente da Conferência Episcopal
de Papua Nova-Guiné e Ilhas Salomão.
O Bispo falou em companhia dos cônjuges
católicos John e Lucy Lavu, engajados na pastoral familiar da Igreja local. “O povo
se sente excluído da Igreja quando não pode participar plenamente de sua vida, incluindo
os Sacramentos. Precisamos de uma abordagem mais flexível neste sentido, considerando
a variedade das situações e o caminho espiritual pessoal” disse o bispo.
Em
sua participação no Sínodo, o prelado explicará que a ideia da “família nuclear”,
composta de pais e filhos, é um modelo que diz respeito à cultura e ao estilo de vida
estritamente ocidental. “É preciso considerar – explicou – que em muitas áreas do
mundo, inclusive na Melanésia, a família é uma rede de relações intensas e complexas
que incluem parentes próximos e distantes. Todos são integrantes, se alegram ou sofrem
pelo sucesso ou fracasso dos matrimônios, têm responsabilidades e contribuem em manter
unida a família”.
Na Melanésia, em algumas sociedades matriarcais, a responsabilidade
da educação e do bem-estar das crianças, por exemplo, é um cuidado dos tios maternos,
e não do pai biológico da prole.
Em nota enviada à Fides, o bispo reconhece
que, dentre as dificuldades e os desafios na Melanésia, está a questão da poligamia,
prática contrária à revelação cristã. Todavia, convidou à paciência: a Igreja local
propõe “um percurso gradual para que a população local possa superar costumes sociais
e tradições enraizadas”.
Epidemias, calamidades naturais, lutas tribais –
acrescentou – criam por vezes desequilíbrios entre os sexos e criam as condições para
a existência da poligamia. Já em relação à contracepção, a Igreja tende a defender
tudo o que é “natural”. Os dois cônjuges engajados na pastoral familiar, John e Lucy
Lavu, ressaltaram que os métodos de planejamento familiar natural têm sucesso com
casais comprometidos e motivados.
Frequentemente, registram-se na Melanésia
campanhas agressivas sobre a contracepção e a esterilização maciça, promovidas pelas
Agências internacionais que chegam a adolescentes, rapazes e moças, nas áreas rurais.
“Muitas pessoas, depois de prová-las, se dirigem a nós, desiludidas. Podemos aconselhá-las
e ajudá-las, mas não reparar o prejuízo que fizeram a seus corpos”, disse a Senhora
Lavu. (SP)