Sínodo: Papa espera inteligência, coragem e amor – texto proposto pela Agência Ecclesia
O Papa Francisco é o primeiro a convocar uma assembleia geral extraordinária do Sínodo
dos Bispos desde 1985 e espera que a terceira reunião deste género promova uma “pastoral
inteligente, corajosa e cheia de amor” por todas as famílias. A temática escolhida
para esta reunião magna de representantes dos episcopados católicos, com novo encontro
marcado para 2015, foi abordada pelo Papa em várias ocasiões nos últimos meses, com
destaque para o consistório extraordinário que reuniu cerca de 185 cardeais no Vaticano,
entre 20 e 21 de fevereiro deste ano. Francisco sublinhou que a família é “a célula
fundamental da sociedade humana”, convidando os participantes nesta reunião a ter
“sempre presente a beleza da família e do matrimónio”, evitando a “casuística”. Na
viagem de regresso da Terra Santa, em maio, o Papa disse que o Sínodo “será sobre
o problema da família, sobre as riquezas da família, sobre a situação atual da família”
e não apenas sobre a questão pastoral dos divórcios ou as nulidades matrimoniais. “Não
gostei do que tantas pessoas – mesmo de Igreja, padres - disseram: ‘Ah, o Sínodo para
dar a Comunhão aos divorciados’”, confessou. O Papa recorreu ao ensinamento de
Bento XVI para sublinhar a importância de “estudar os procedimentos de nulidade matrimonial;
estudar a fé com que uma pessoa vai para o matrimónio; e deixar claro que os divorciados
não estão excomungados”. Em julho de 2013, na viagem de regresso do Brasil, Francisco
justificou a escolha do tema da família e da necessidade de aprofundar a “pastoral
do matrimónio”, realçando que muitas pessoas se casam “sem maturidade”. Dois meses
depois, o Papa encontrou-se com o clero da Diocese de Roma e sustentou que o debate
não pode ser reduzido à questão de saber se os divorciados em segunda união podem
ou não comungar, “porque quem põe o problema apenas nesses termos não entende qual
é o verdadeiro problema". A 28 de fevereiro, numa homilia pronunciada na capela
da Casa de Santa Marta, o Papa Francisco destacou hoje a importância de “acompanhar”
e “não condenar” os casais separados ou divorciados. O Papa deixou muitas mensagens
de valorização da família e do casamento, como aconteceu no último dia 14 de setembro,
quando presidiu à celebração do matrimónio de 20 casais da Diocese de Roma, na Basílica
de São Pedro, a quem pediu a coragem de resistir à “tentação de voltar para trás”. A
2 de abril, Francisco encerrou o ciclo de catequeses sobre os sacramentos, nas audiências
gerais, com uma reflexão dedicada ao Matrimónio: “Quando um homem e uma mulher celebram
o Sacramento do Matrimónio, Deus espelha-se neles, por assim dizer, imprime neles
as próprias orientações e o caráter indelével do seu amor”. A audiência voltou
a contar com uma alusão de Francisco às “palavras mágicas” para superar as “dificuldades”
da vida matrimonial: ‘Com licença, obrigado, desculpa’. No encontro com as famílias,
em outubro de 2013, Francisco disse que o Matrimónio é “partir e caminhar juntos,
de mãos dadas, entregando-se na mão grande do Senhor. De mãos dadas, sempre e por
toda a vida”. A exortação apostólica ‘Evangelii Gaudium’ (A alegria do Evangelho)
sublinha que “a família atravessa uma crise cultural profunda, como todas as comunidades
e vínculos sociais”. “No caso da família, a fragilidade dos vínculos reveste-se
de especial gravidade, porque se trata da célula básica da sociedade”, alerta o Papa.
(OC-Ecclesia)