Boko Haram avança devido a egoísmos e corrupção no país: diz bispo nigeriano
Abuja (RV) - "Que o presumível chefe do Boko Haram esteja vivo ou morto não
faz muita diferença, o povo sofre e precisa de ajuda": foi o que disse à agência missionária
Misna Dom Oliver Dashe Doeme, bispo de Maiduguri (capital do Estado de Borno), cidade
do nordeste da Nigéria, para aonde chegaram mais de quarenta mil deslocados provenientes
das terras anexadas do "califado".
Mediante um vídeo publicado nesta quinta-feira,
2 de outubro, Abubakar Shekau desmente a notícia de seu assassinato numa troca de
tiros com o exército. Numa mensagem de trinta e seis minutos, o presumível chefe do
grupo islamita Boko Haram afirma que nos Estados de Borno e Damawa, conquistados pelos
muçulmanos, eles instauraram um califado onde vigora a "xariá" (lei islâmica).
Shekau
fora dado por morto pela primeira vez em 2009, e depois no ano passado. Mas os nigerianos
acreditam cada vez menos nos anúncios do exército. Foi o que confirmou o bispo, segundo
o qual "avançada do Boko Haram é favorecida pelos interesses egoístas e pela corrupção,
um problema evidente, basta considerar a desproporção entre as despesas previstas
e o equipamento totalmente inadequado dos soldados na linha de frente".
Maiduguri
está presidida pelo exército e nas últimas semanas dezenas de milhares de pessoas
das cidades adjacentes e dos vilarejos chegaram à capital do Estado de Borno em busca
de proteção.
"Boko Haram – ressalta Dom Doeme – controla um território extenso
e centros importantes como Gwoza, Madagala e Michika, destruiu as casas, lugares de
culto, igrejas".
Mais de quarenta mil deslocados encontram-se em Maiduguri.
Os católicos são cerca de mil e, assegura o bispo, "a Igreja assiste a todos independentemente
da fé".
Segundo o prelado, um sinal de esperança chegou estes dias da cidade
de Adamawa, dos confins orientais do "califado". "Milhares de habitantes da cidade
de Mubi que se haviam refugiado em Yola conseguiram voltar para suas casas graças
a uma contra-ofensiva do exército". (RL)