Jales (RV) - Do jeito como está a campanha eleitoral, resulta uma evidência:
é urgente realizar a Reforma Política, que elimine de vez as deturpações a que se
reduziram os embates pessoais entre os candidatos.
Ao contrário de proporcionar
o debate em torno dos problemas a serem resolvidos, e as iniciativas a serem empreendidas,
a campanha eleitoral está se polarizando em torno das mútuas acusações que cada candidato
tenta desferir contra os seus concorrentes.
Não é isto que se espera de uma
campanha eleitoral. E´ preciso identificar o nascedouro destes equívocos que se repetem
em cada eleição.
Acontece que a dita reforma já foi prometida diversas vezes,
mas sua concretização vem sendo protelada.
No início do segundo mandato do
Presidente Lula parecia haver o clima propício para o Congresso Nacional empreender
a Reforma. Mas todos constatavam que era preciso iniciar logo o processo, já nos primeiros
meses do novo Governo, caso contrário, as condições iriam se tornar adversas, e a
Reforma seria inviabilizada.
Foi o que de fato aconteceu. Em decorrência,
cresceu a convicção de que um Congresso constituído da maneira como se constitui no
atual ordenamento político, não irá nunca tomar a iniciativa de mudar a legislação
vigente.
Assim, as esperanças se voltaram para o novo governo da Presidenta
Dilma. Mais ainda se constatava a urgência de iniciar logo o processo, para não ser
inviabilizado de novo. E foi o que, de fato, se verificou. O Congresso, que deveria
ter a iniciativa de propor a Reforma, ao contrário, se mostrou muito refratário a
qualquer proposta de mudanças substanciais. Desta maneira, chegamos ao mesmo impasse.
Mas, ao menos, desta vez parece que as resistências serão vencidas, em boa parte pela
pressão popular que, mesmo difusa e desorganizada, acena para esta urgência, que necessita
de diversos apoios, a começar pela pressão da cidadania.
O debate no contexto
da atual campanha, pelas circunstâncias adversas que foram criadas, inibe os candidatos
a apresentarem abertamente suas propostas. Pois apresentar uma proposta é fornecer
munição para ser combatido pelos outros. Assim não se cria um ambiente confiável.
O certo é que o novo governo, que resultará destas eleições, precisará ter
discernimento e firmeza, para se articular bem com o Congresso, buscar o respaldo
no Judiciário, e contar com o apoio da cidadania, para empreender uma Reforma Política,
que tenha como baliza central a recuperação dos partidos políticos, que são instrumento
indispensável para formular projetos de nação, e buscar junto aos eleitores o indispensável
respaldo para implementar suas propostas.
É lastimável que, em plena
campanha eleitoral, se tire a conclusão de que é preciso que ela termine, para depois
começarmos a debater as soluções para os problemas de nosso país!
Só queremos,
pelo menos, a garantia de que desta vez, sim, será feita a tão esperada Reforma Política.