2014-09-26 10:22:55

Card. Parolin na ONU: “as religiões condenem quem usa a fé para justificar violência”


As pessoas de fé têm a grande responsabilidade de condenar quem procura separar fé e razão e instrumentalizar a fé como justificativa para a violência. Assim se exprimiu o Cardeal Secretário de Estado, Pietro Parolin, ao pronunciar-se no debate aberto do Conselho de Segurança da ONU sobre “Ameaças à paz e à segurança causadas pelo terrorismo internacional”.

O terrorismo representa uma ameaça fundamental para a nossa comum humanidade. “O contínuo e, em algumas regiões, crescente uso do terror, é uma chamada a todas as nações e pessoas de boa vontade para assumir um compromisso partilhado”, disse o Secretário de Estado aos participantes do debate. “O Conselho de Segurança da ONU – recordou o purpurado – nasce após uma época em que uma visão niilista da dignidade humana procurou dividir e destruir o mundo”. “Hoje como então – é a exortação – as nações se unem para cumprir a sua responsabilidade primária de proteger as pessoas ameaçadas pela violência e os ataques contra a sua dignidade”.

O Cardeal Parolin fez menção às palavras de São João Paulo II após os “trágicos acontecimentos” de 11 de setembro: o direito de defender os países e os povos de actos de terrorismo não justifica responder a violência com a violência, mas antes, “deve ser exercitado na escolha dos fins e dos meios em respeito aos limites legais e morais”. “O culpado deve ser identificado correctamente, porque a responsabilidade penal é sempre pessoal e não pode ser estendida à nação, à etnia ou à religião a que pertencem os terroristas”.

O Secretário de Estado exorta, a seguir, que sejam combatidas pela raiz as causas que alimentam o terrorismo internacional: “o desafio terrorista – explica – tem um forte componente sociocultural”. Jovens - frequentemente oriundos de famílias pobres -, vão ao exterior, e desiludidos por aquilo que sentem como uma falta de integração ou de valores em algumas sociedades, acabam entrando em organizações terroristas. Neste contexto, o purpurado pede que junto aos instrumentos jurídicos e aos recursos para se evitar isto, os governos “se comprometam com a sociedade civil para enfrentar os problemas das comunidades mais a risco de radicalização ou recrutamento e cheguem a uma integração social satisfatória”.

“A Santa Sé – conclui o Cardeal Parolin – afirma que as pessoas de fé têm a grande responsabilidade de condenar aquelas que procuram separar a fé da razão e instrumentalizar a fé como justificativa para a violência”.

Como o Papa Francisco reiterou durante a sua visita à Albânia – recordou o purpurado – “que ninguém pense de poder se fazer escudo de Deus enquanto projecta e realiza actos de violência e de abuso! Que ninguém use a religião como pretexto para acções contra a dignidade humana e contra os direitos fundamentais de cada homem e mulher, sobretudo, o direito à vida e o direito de cada um à liberdade religiosa”. (JE/BS)








All the contents on this site are copyrighted ©.